O presidente da Assembleia Legislativa, Chicão Melo, presidiu a sessão que aprovou verba suplementar de R$ 25 milhões para o governo gastar em propaganda nos próximos dois meses. Foto Alepa/Arquivo.

A sessão – no melhor estilo vapt-vupt – em que a Assembleia Legislativa aprovou ontem o projeto que garantiu mais R$ 25 milhões para o governador Helder Barbalho gastar em propaganda nos próximos 60 dias – não bastassem R$ 80 milhões ou mais já devidamente torrados na mesma finalidade ao longo do ano – foi do patético ao bizarro, passando por uma hilariante trapalhada do presidente da Casa, deputado Chicão Melo, ao tentar envernizar o resultado da votação de emenda apresentada pelo deputado Toni Cunha pela qual essa dinheirama não poderia, nem mesmo através de agências de publicidade, ser investida em empresas do grupo de comunicação da família do governador.

A emenda. O discurso.  
A cena. E o plenário.

O deputado Toni Cunha anunciou sua emenda e disparou inflamado discurso contra o governador Helder Barbalho, ao passo em que pedia apoio dos seus pares pela aprovação. Cena esquisita: em plenário, a maioria dos deputados acomodados em suas poltronas sem dar a menor bola para a explosão do colega e somente o deputado Caveira em pé, atento ao pronunciamento. Na presidência da sessão, o deputado Chicão Melo, cabeça enterrada e óculos na ponta do nariz segurando parte da máscara – ontem, azul clara, quase transparente -, acessório incorporado por conta da Covid e das falas muito próximas.

O estilo ChicãoO rito.  
O senta e levanta.

Coube ao presidente Chicão Melo, o Breve, mostrar seu estilo na condução de uma sessão em que deve aprovar matéria de interesse do governo de forma cirúrgica – Chicão foi aluno do curso de Medicina; desistiu picado pela mosca da política -, sem dar tempo nem espaço aos adversários. Nessa batida impiedosa contra o dinheiro do contribuinte, Chicão botou a emenda Toni Cunha em votação e ditou o rito, quando foi interrompido – estavam em pé em plenário apenas Toni Cunha e Caveira, posição que significava “sim” à emenda. Ao retomar o rito, em nome da transparência da votação, Chicão trocou as bolas e fez sentar quem estava em pé e levantar quem estava sentado. Os couros das poltronas da maioria rangeram e voltaram a ranger. Sentada, a maioria disse “não” à emenda.

A votação. O soneto.  
O gasto autorizado.

 “Não à emenda” é a parte bizarra da sessão: significa que o Helder Barbalho pode gastar quanto bem entender dos R$ 25 milhões para a propaganda do governo nos veículos da própria família. É o caso em que a emenda saiu pior que o soneto. Suas excelências pintaram de legal o que até os urubus do Ver-o-Peso desconfiavam que irá acontecer.