Antigamente – mas nem tanto -, o assassinato de 12 pessoas, como o que aconteceu em Altamira, nas últimas semanas, seria chamado de chacina. Hoje, a propaganda oficial e a mídia silenciosa do Estado tratam o episódio como simples tiroteio, esquecendo que só ocorre tiroteio quando existe reposta à bala. Então, sem meias palavras, Altamira foi palco de uma chacina e ponto final.
A situação é grave, tanto lá, quanto cá, e remete à certeza de que a segurança pública não está sob controle coisa nenhuma, como querem fazer crer os dados e as autoridades do Estado. Das dez mortes registradas em Altamira, que volta a ser o município mais violento do Brasil, quatro foram executadas sábado. A crise levou o governador Helder Barbalho e seu staff da segurança pública ao município, ontem, ausentes o comandante da PM, coronel Dilson Júnior, que foi verificar o lote de mais de 5 mil pistolas compradas de um fabricante em Brescia, a Itália, e o chefe do Estado Maior da PM, coronel Ronald, o que andou frequentando as redes sociais durante a semana em pose “ousada”.
O que chama a atenção no caso, porém, é o silêncio e a infeliz tentativa de minimizar os fatos. O suposto “tiroteio” não sensibilizou os antes ativos defensores dos direitos humanos no Pará, muito menos a tal Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa, presidida pelo deputado Carlos Bordalo, nem a deputada Marinor Brito e o próprio Ministério Público, que deveria, de ofício, se posicionar. Nada que possa arranhar o projeto de reeleição do governador Helder Barbalho deve ser objeto de questionamento. Quanto à população…
Depois da pandemia
Do total de homicídios registrados no Pará entre sábado e domingo, dois ocorreram na Região Metropolitana de Belém. Bastou a pandemia dar uma folga para tudo voltar a ser como dantes no quartel de Abrantes. Por isso se diz que a pandemia era a estratégia do governo para dizer que a segurança pública estava sob “controle”. As autoridades surfaram na onda e deixaram até de falar no Comando Vermelho e milicianos supostamente ligados a ex-PMs acomodados em DAS no governo.
Balanço funesto
Em 2020, três policiais penais foram assassinados no Pará: Em 1 de junho, Marcelo Soares Mougo, no município de Breves, em via pública; em 17 de setembro, Valdileno Rodrigues Alves, em Belém, em frente à sua casa; e, em 14 de dezembro, Sandro Josué Gadelha dos Santos, em Belém, em via pública. Também foi ferido, em 11 fevereiro, em via pública, no município de Salinópolis, o policial penal Alessandro do Rosário Moraes. Ademais, três policiais penais sofreram ameaças em 2020.
Em 2021, servidores da Secretaria de Administração Penitenciária do Pará sofreram ameaças e atentados, sendo que oito servidores foram mortos (seis policiais penais, motorista de escolta e policial militar cedido à Secretaria) e dez policiais penais foram feridos.
Em 2022, um motorista e dois agentes penitenciários da Secretaria foram assassinados. Em 13 maio, uma policial penal, de nome Elizete, foi baleada em Ananindeua, mas sofreu apenas somente ferimento.
Resumo do final de semana
Tentativa de execução de major da PM baleado em Barcarena.
Militar da Aeronáutica morto dentro de ônibus na Sacramenta (latrocínio – fato não relacionado com execuções)
Sub tenente da PM baleado no Tapanã.
Inspetor da Guarda Municipal executado no Aurá, Ananindeua.
Polícia penal feminina baleada no 40 Horas.
Sargento executado em Marituba, junto com seu sobrinho de 17 anos. Policial Penal Clóvis Ferreira executado com tiros na cabeça no Conjunto Verdejante