A ex-secretária de Educação professora Berenice Noronha puxa o cordão dos insatisfeitos com a decisão da prefeita Consuelo Castro que, ao substituir as placas em homenagem a personalidades, estaria apagando a memória em aberto desrespeito à cidade de Dalcídio Jurandir/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.
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A Prefeitura de Ponta de Pedras, município da região do Arari, no Marajó, com quase 32 mil habitantes, conseguiu provocar a fúria de parte da população depois da última passagem do governador Helder Barbalho pela cidade para inaugurar um inacabado terminal hidroviário. É que a prefeita Consuelo Castro, que tem o maior salário entre os prefeitos da região, de R$ 23 mil – e ano passado batizara uma praça com o nome do filho já falecido, recebendo pronto apoio da população -, resolveu trocar as placas do mercado municipal, do prédio da Delegacia de Polícia, da biblioteca pública, da Praia da Mangabeira e, por último, do novo terminal hidroviário de passageiros, a maioria com o nome do governador Simão Jatene – e o povo reagiu.

Noves fora a pressa de sua excelência o governador de entregar obras sob a pressão da legislação eleitoral, a prefeita, filha de família tradicional da região, ex-tucana e nova aliada de Helder passou sua impiedosa borracha na memória histórica do município que nem os mortos homenageados, do alto de eventual santidade, paz e sossego eternos entenderiam; muito pelo contrário: como na arrumação da própria casa, Consuelo Castro trocou placas de prédios públicos que homenageavam vultos do município por novas, algumas com nomes de pessoas vivas, o que é vedado por lei.

Nos campos de Cachoeira

Na cidade, restou aos vivos protestar através das redes sociais, mas, como costuma acontecer, os alardes devem se perder nos campos de Cachoeira, para lembrar um filho ilustre da terra, o festejado escritor Dalcídio Jurandir. Quanto às placas de bronze retiradas dos prédios, a prefeita, em gesto delicado e elegante, para uns, e desprezível para outros manda embalar e devolve aos familiares dos personagens publicamente desabilitados pelo que muitos consideram “insanidade administrativa”.

“Fogo no passado”

A professora Berenice Noronha foi a primeira a denunciar a prefeitura em suas redes sociais por “tentativa de apagar a história”. Ex-secretária de Educação, ela aponta que a troca e placas, que ganharam nomes de gestores atuais, no Mercado, na Delegacia de Polícia e na Biblioteca da Mangabeira, inaugurados na gestão Bernardino e Mário Noronha. A ex-secretária também dá conta de “sumiço” das placas de inauguração das Escolas Pojucan Tavares e Romeu Santos, também construídas na gestão Bernardino e Mário Noronha, assim das placas alusivas à construção da Ponte do Arapinã e do asfalto da rodovia Mangabeira. “É impressionante o cinismo, a falta de respeito e a desonestidade dessa prática, como se administrar um município fosse a mesma coisa que administrar uma propriedade privada, onde se pode colocar fogo no passado sem nada acontecer”, conclui a professora.

Dor e ressentimento

A advogada Elza Santos Franco também veio a público externar sua dor e ressentimento com a memória de seu pai Romeu Franco e mais ainda de ter recebido a placa datada de 2006, quando a própria Consuelo Castro, então prefeita, inaugurou o trapiche municipal, no governo Simão Jatene. A pergunta que não quer calar é por que a prefeita não homenageou seus agraciados  com prédios novos, sem  necessidade de apagar o passado justamente no Marajó, onde a história remete a milhares de anos antes do cristianismo?

Papo Reto

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  • Dizem que o futuro a Deus pertence, mas, não para Manuel Pioneiro (foto), necessariamente. Em campanha ao Senado, o ex-prefeito andou confidenciando que, nas próximas eleições municipais, seu candidato a prefeito de Ananindeua será seu próprio filho.
  • É a chamada República de Ananindeua, da qual Pioneiro aparece como um dos expoentes, ficando os pilares para o quer der e vier.
  • A TV Cultura do Pará vai lançar, ainda neste semestre, um programa de auditório ao estilo do antigo TV Cidade, que fez muito sucesso até a década de 1980. Uma curiosidade: a apresentação do conteúdo será de Kzan Filho, filho do saudoso radialista Kzan Lourenço.
  • O Tribunal Superior Eleitoral começou testar nova versão do aplicativo e-Título. Detalhe: somente 0,1% dos 25 milhões de usuários do e-Título vão ser escolhidos para o teste, valendo lembrar que, na eleição de 2020, o app acabou meio desacreditado por conta da instabilidade.
  • A Polícia Federal segue combatendo o desmatamento ilegal na Amazônia. Ontem, a Operação Sonho Distante fluiu serelepe pelas bandas de São Felix do Xingu.
  • Acredite: no Brasil, perto de 57 mil recém-nascidos foram registrados sem o nome do pai. A marca é a maior já registrada no País para o período de janeiro a abril, dizem cartórios.
  • Os combustíveis não param de subir. O preço médio nacional da gasolina chega a R$ 7,27,  o mais alto registrado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. 
  • Sem dar o menor tchum ao esperneio do presidente Bolsonaro, a Petrobrás aumentou em 8,87% o preço do diesel e, com o reajuste, a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel chega a R$ 4,42 por litro para a distribuidora, em vez dos atuais R$ 4,06. Alta de R$ 0,36.
  • De olho na agricultura digital, Brasil e Japão firmaram parceria para criar plataforma de dados focada no suporte e desenvolvimento pleno do agro no País. 
  • No novo contexto, ganhará a Embrapa papel ainda mais decisivo e estratégico na missão de ampliar os horizontes da agropecuária brasileira.