Murmúrios dos bastidores dão conta de que o deputado Igor Normando abriu mão do mandato na Assembleia Legislativa para se dedicar a um trabalho como auxiliar direto do governador Helder Barbalho, se credenciando a uma possível candidatura a prefeito de Belém, mas…
Por Olavo Dutra | Colaboradores
A ficção política se presta a tudo – inclusive ao desenvolvimento de teorias da conspiração. A ideia segundo a qual quem controla a Secretaria Estratégica de Articulação e Cidadania controla as Usinas da Paz é um parecer leigo. É como olhar uma máquina por fora, identificar o botão vermelho de start e considerar que é o botão, e não sua complexa engenharia interna quem comanda a máquina.
A Usina da Paz é um projeto integrado ao Programa Estadual Territórios Pela Paz, elaborado em nome da Secretaria pelo homem que acaba de ser substituído pelo primo do governador, o mesmo que comandava a Secretaria e foi o idealizador das Usinas da Paz: Ricardo Balestreri.
Ricardo é considerado um intelectual. Atuou nos governos Lula e Dilma e criou ou remodelou o Sistema de Segurança no País, criando inclusive a Guarda Nacional. Balestreri, educador licenciado em História, especialista em Psicopedagogia Clínica e em Terapia de Família, foi diretor do Departamento de Pesquisa, Análise da Informação e Desenvolvimento de Pessoal em Segurança Pública, da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
Apesar de ter um currículo superior ao de Igor Normando, o ex-secretário jamais escolheu sequer um servente para as Usinas da Paz. Ele fazia a gestão das relações entre o governo e os possíveis patrocinadores, analisava os projetos e dava parecer, ajudando na escolha dos equipamentos, suas localizações, baseadas no mapa da violência, e prestava conta do andamento dos processos ao governador. Nem mesmo as obras eram executadas pela Secretaria. O “A” da sigla Seac significa “articulação” e era isso que Balestreri fazia.
Observadores externos da política, por exemplo, não conhecem o coronel Marcos, diretor das Usinas e pessoa de confiança do Helder e da primeira dama. É o coronel Marcos, ‘o invisível’, quem manda e define quem faz o quê em cada uma das unidades do projeto. As UsiPaz, em outra análise, seguem nas mãos dos donos.
Governo guarda-chuva
A ida de Igor Normando para a Secretaria aconteceu porque o governador decidiu fazer um governo guarda-chuva e que precisava agasalhar nele todos os aliados e isso inclui muitos dos importantes agentes políticos que, devido a variadas razões, perderam ou não ganharam o mandato que disputavam. Igor Normando foi eleito com expressiva votação e isso lhe daria, mesmo sem o grau de parentesco, a prerrogativa de indicar os espaços que gostaria de ocupar.
Rainha da Inglaterra
As lambanças na Fundação Cultural do Pará – o Centur -, que, mais cedo, ou mais tarde surgirão, porque são muitas, sempre poderão ser creditadas ao preposto que o ‘deputado animal’ indicou para a gestão do órgão. Agora, e justamente devido a isso, o governador exigiu que o espaço que lhe fosse entregue fosse ocupado diretamente pelo solicitante. E Igor pediu o que queria, mas recebeu a máquina cuja engrenagem continua a ser manipulada remotamente. Será a rainha da Inglaterra de agentes ocultos.
Jogo só está começando
A disputa eleitoral do ano que vem não anima apenas o principal inquilino do Podemos, um dos partidos que Helder controla, mas pelo menos mais meia dúzia de ocupantes de cargos no primeiro escalão, o que inclui Jarbas Vasconcelos, Ursula Vidal, Carlos Maneschy, Nilson Pinto, Flexa Ribeiro e Orlando Reis, entre outros menos votados.
Ou seja, esse é um jogo interno que o ambicioso rapaz não jogará sozinho e que ainda está sendo jogado, embora o cavalo selado seja o que já está passando, Edmilson Rodrigues, que, além de estar no cargo, tem apoio de Lula e do PT jaderista, capitaneado por Beto da Fetagri Faro, que segue controlando o curral vermelho com mão de ferro. O sonho é livre, até o momento de acordar.
Aliás, o jogo da fé
Quem tem fé coloca a prova. Helder Barbalho e Beto Faro têm fé na máquina – na mobilização de recursos, gente e obras – e vão exercitar essa fé até a última vela.
Papo Reto
- Urge a edição de lei para disciplinar o trabalho remoto no serviço público. Há casos de altos burocratas não aparecerem no serviço há mais de dois anos. Não será impossível a servidor terceirizar a função.
- A queda de produtividade é a tendência mais provável, no caso de trabalho home office. Levar e buscar filhos no colégio, cozinhar, dormir durante o expediente são práticas sem controle.
- Por essas e outras diminui a credibilidade no que se chama serviço público, inclusive em Belém, onde há trabalho remoto até no Marajó.
- Começa a esquentar a campanha para a presidência do Clube do Remo. Dizem que o mais novo candidato em potencial é Daniel Lavareda (foto).
- Opositores da atual administração admitem que é preciso um nome de peso para o enfrentamento com o grupo de Fábio Bentes, encabeçado por Antônio Carlos Teixeira, nome de ampla aceitação na família azulina.
- Lavareda é Conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, no qual já ocupou a presidência e não descarta a possibilidade do desafio. Os cardeais remistas estão quedos e mudos.
- Perguntam à coluna qual o legado de José Antônio de Angelis, defenestrado da Cosanpa na mexida do Secretariado do governador Helder Barbalho.
- Substituição de parte da rede sem resultado na melhoria do abastecimento, bairros diariamente sem água e nada de expansão do raquítico percentual de rede de esgotos sanitários, entre outros.
- A ideia agora é concluir os meandros da privatização, costurada em gabinetes, tentando reduzir custos, mas com poucas possibilidades de modernizar a empresa. De resto, que o diga o Sindicato Urbanitário.
- Atenta leitora da coluna dá seu pitaco sobre a samaumeira de Nazaré: ‘Nossas autoridades despreparadas não tiveram a ideia de levar os troncos para o Parque do Utinga e fazer um museu contando a história, reservando material de pesquisa para os estudantes’.
- Aliás, estão derrubando árvores a torto e a direito no início da avenida Júlio Cezar, às proximidades das instalações da Polícia Federal e quase em frente ao Comando Aéreo Regional, mas ninguém parece tomar conhecimento. Com a palavra, a Delegacia de Meio Ambiente.