Documento encaminhado em abril do ano passado pela Diretoria da Festa de Nazaré caiu no vazio: não foi aberto, nem respondido até hoje. Retrato de Belém é um mosaico de desleixo e incompetência capaz de apagar mais de 150 anos de história sem deixar vestígios/Fotos: Divulgação.

Dia 6 de abril deste ano, um singelo pedido de serviços de poda e controle de pragas oficializado pela Diretoria da Festa de Nazaré à Secretaria de Meio Ambiente de Belém festeja um ano, sem resposta e muito menos providências. Foi mais uma burrice na cidade inteligente.

O resultado é que um alentado galho da samaumeira plantada há mais de 155 anos no Centro Arquitetônico de Nazaré desabou atacada por cupins, sem ninguém para ser responsabilizado – exceto os cupins.

Os periquitos, provavelmente antevendo o infausto, ou a suprema negligência da prefeitura, bateram em retirada bem antes. Há quem diga que a árvore esperou a nova gestão Ed 50 por 155 anos para começar sua despedida das vistas do povo que acompanha o Círio – manifestação religiosa que o prefeito, em um rasgo de besteirol, ousou ‘redistribuir’, provocando a fúria do bispo de plantão, mas recuou, sabiamente.  

Documento na gaveta

O documento foi encaminhado ao secretário Sérgio Brazão e Silva e assinado pelo então diretor da Festa do Círio, Rodolfo Kalume, chamando a atenção para o fato de ser a Basílica Santuário de Nazaré ‘patrimônio histórico que deve ser preservado por representar uma riqueza histórica e turística para a comunidade paraense’. Mesmo que nada. Ou o secretário não abriu a correspondência ou, no dia em que o documento foi entregue, a Secretaria não abriu as portas – das duas, uma.   

Salvem as mangueiras

Para os bons observadores da cena de Belém, a maioria das mangueiras, que representam a maior cobertura vegetal da cidade – tecnicamente uma região sem a arborização necessária -, sofre com as chamadas “ervas de passarinho” sem que a municipalidade se preocupe em retirá-las devidamente. O que se vê, de vez em quando, são apenas serviços de poda, que não é a mesma coisa.  A prefeitura deveria operar com veículos com escadas especiais para livrar as árvores de invasoras, sem necessariamente cortar os galhos. Pelo número de mangueiras existentes, pequena frota desses veículos deveria executar o serviço rotineiramente.

Bonitinhas, mas…

Pior é na Praça Batista Campos, cujas árvores hospedam muitas garças que, embora lindas, despejam dejetos na superfície, havendo quem afirme que são muito ácidos e consequentemente danosos à saúde dos vegetais, além do que, pelo volume produzido, é mais um problema a ser resolvido pela administração municipal.