Jornada épica de um dos ícones da Praça Santuário desaparece aos pedaços, depois de tombar atacada supostamente por cupins não identificados pelos órgãos de fiscalização ambiental de Belém. Samaumeira de mais de 155 anos corre para ser uma vaga lembrança imortalizada em tela do pintor Giuseppe Righini, em 1867/Fotos: Divulgação-Arquivo-Redes Sociais.

Prova de que Belém é ‘terra de oportunidades’. A samaumeira centenária que caiu na praça do Centro Arquitetônico de Nazaré, à avenida do mesmo nome, esquina com a rua Dom Alberto Ramos, foi alvo de grande faturamento de aproveitadores que, em conluio com os servidora da Secretaria de Meio Ambiente, teve o seu tronco cortado e fatiado e vendido em pedaços para quem quisesse ou pagasse mais.

Dependendo do tamanho, os valores praticados oscilavam entre R$ 10, para pequenas pranchas, e R$ 50 para se fazer banquinho e tábua para churrasco. A disputa foi grande e causou tumulto – apareceu inclusive um organizador de fila, a mesma pessoa que recebia o dinheiro.

155 anos de açoites

A motosserra que fazia o serviço era da Secretaria de Meio Ambiente de Belém, tanto quanto o operador, que deveria estar trabalhando para desocupar a área, mas se desocupava dos maiores pedaços da árvore de 25 metros e cerca de 150 anos para livrar o peso do caminhão, levando apenas galhos e folhas que, no transporte, se despediram da cidade ao sabor do ventos ao longo do trecho percorrido até o final da jornada épica, depois de 150 círios, milhares de fogos a açoitá-los e aos periquitos sem-galho remanescentes das antigas revoadas em busca de abrigo na praça. E o tronco ia sendo vendido a quem mais pagasse.

Ataque não identificado

De todas as teorias engendradas por especialistas para explicar o tombo desditoso da samaumeira centenária, a que mais se destacou foi a presença de cupins no tronco da árvore, situação em que os órgãos de meio ambiente da ‘terra do já teve’ passaram batidos mais uma vez, e que reponde pela preocupação da população ante a existência de tantas outras árvores sujeitas a ataques e ventanias.

Silêncio por testemunha

Não se viu nenhum ecologista de plantão na cerimônia final, daqueles que fazem barulho a qualquer som de motosserra, nem entidade que se intitula preservacionista para protestar e muito menos vereador ligado ao verde. Nessa fronteira, não demora muito a samaumeira será apenas uma lembrança imortalizada pelo pintor Giuseppe Righini na tela “Praça Santuários de Nazaré”, quando as árvores da praça eram adultas, viçosas e saudáveis e Belém contava 351 anos – e lá se vão 156 anos.