Prova de que Belém é ‘terra de oportunidades’. A samaumeira centenária que caiu na praça do Centro Arquitetônico de Nazaré, à avenida do mesmo nome, esquina com a rua Dom Alberto Ramos, foi alvo de grande faturamento de aproveitadores que, em conluio com os servidora da Secretaria de Meio Ambiente, teve o seu tronco cortado e fatiado e vendido em pedaços para quem quisesse ou pagasse mais.
Dependendo do tamanho, os valores praticados oscilavam entre R$ 10, para pequenas pranchas, e R$ 50 para se fazer banquinho e tábua para churrasco. A disputa foi grande e causou tumulto – apareceu inclusive um organizador de fila, a mesma pessoa que recebia o dinheiro.
155 anos de açoites
A motosserra que fazia o serviço era da Secretaria de Meio Ambiente de Belém, tanto quanto o operador, que deveria estar trabalhando para desocupar a área, mas se desocupava dos maiores pedaços da árvore de 25 metros e cerca de 150 anos para livrar o peso do caminhão, levando apenas galhos e folhas que, no transporte, se despediram da cidade ao sabor do ventos ao longo do trecho percorrido até o final da jornada épica, depois de 150 círios, milhares de fogos a açoitá-los e aos periquitos sem-galho remanescentes das antigas revoadas em busca de abrigo na praça. E o tronco ia sendo vendido a quem mais pagasse.
Ataque não identificado
De todas as teorias engendradas por especialistas para explicar o tombo desditoso da samaumeira centenária, a que mais se destacou foi a presença de cupins no tronco da árvore, situação em que os órgãos de meio ambiente da ‘terra do já teve’ passaram batidos mais uma vez, e que reponde pela preocupação da população ante a existência de tantas outras árvores sujeitas a ataques e ventanias.
Silêncio por testemunha
Não se viu nenhum ecologista de plantão na cerimônia final, daqueles que fazem barulho a qualquer som de motosserra, nem entidade que se intitula preservacionista para protestar e muito menos vereador ligado ao verde. Nessa fronteira, não demora muito a samaumeira será apenas uma lembrança imortalizada pelo pintor Giuseppe Righini na tela “Praça Santuários de Nazaré”, quando as árvores da praça eram adultas, viçosas e saudáveis e Belém contava 351 anos – e lá se vão 156 anos.