Por João Orestes Schneider Santos*
A área indígena Ianomâmi foi ampliada depois da corrida do ouro de 1988 – não nos “anos 1990” -, no oeste de Roraima. A nova e gigantesca área, com quase 10 milhões de hectares, englobou terras indígenas e terras não indígenas – daí o conflito permanente. Então, nem todo garimpo nessa região é ilegal: parte dele antecede a criação da atual reserva e se localiza em regiões sem presença indígena.
Na época, a população ianomâmi era de 3,9 mil indígenas, distribuídos em 92 malocas, conforme dados da Fundação Nacional do Índio, a Funai e da CCPI. Hoje, a população é de 12 mil indígenas, mostrando que, ao contrário do que a Fraquíssima Mídia Tupiniquim diz, a mineração de ouro – garimpos – não dizimou essa etnia; muito pelo contrário.
Guerras e canibalismo
Problemas graves de saúde e desnutrição não são de agora. Ocorrem pelo menos desde os anos 1970, conforme pude constatar. Nessa época, a expectativa de vida dos ianomâmis era de apenas 29 anos, a mais baixa do mundo, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Inpa. Esse fato decorre das guerras tribais, raptos de mulheres e canibalismo, mas, principalmente, de uma doença chamada oncocercose, transmitida por picadas de um tipo de pium, mosquitos pretos infectados.
Estudos do Inpa na década de 1980 mostraram que a incidência dessa doença era de 100% entre os adultos. É uma doença de progressão lenta – mais ou menos 20 anos. Não tem cura, leva à cegueira e à morte. Por isso, é muito difícil encontrar um ianomâmi com mais de 40 anos de idade. A prioridade 1 para a etnia Ianomâmi seria o tratamento e a cura da oncocercose.
Custo benefício zero
Perguntas: há laboratórios pesquisando essa cura? Claro que não, por que não seria rentável para tratar de apenas 12 mil pessoas. O Ministério da Saúde tem algum programa para a oncocercose? Claro que não. A Funai a FMT, as centenas de Ongs que atuam na região Amazônica se preocupam com a oncocercose? É claro que não, por que não dá dividendos políticos…
*Por João Orestes Schneider Santos – Geólogo, ex-funcionário da CPRM Manaus. Trabalhou na Austrália e atua na área de consultoria no Brasil.
Papo Reto
- O Pronto-Socorro da 14 de Março, em Belém, está sem pessoal de limpeza por falta de pagamento. Até os agentes de portaria bateram em retirada, avisa paciente que esteve lá e deu com a cara na porta.
- Outra: criança, filha de policial civil, acometida de infecção, felizmente foi acolhida pelo Hospital Porto Dias depois de peregrinar em vão pelos hospitais infantis de Belém.
- O Porto Dias é o único hospital que ainda não cortou o atendimento a assegurados do Iasep.
- A justificativa pelo corte nos atendimentos, mesmo de emergência, é de que “o governo não paga desde o ano passado.” Com a palavra, o presidente do Instituto, Bernardo Almeida (foto).
- Quem pensa que o governo federal irá prorrogar a isenção de impostos sobre gasolina e álcool pode esperar sentado porque em pé vai cansar…
- A desoneração acabará, irremediavelmente, em 28 de fevereiro e o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, diz que o colega Haddad “busca acordo com Estados para recompor o ICMS”.
- Repercute nas redes sociais o que a oposição a Lula vem martelando, frente a tantas necessidades que o povo brasileiro acumula: financiar obras no exterior, ainda por cima em países com fama de caloteiro.
- A Agência Nacional de Energia Elétrica mantém bandeira verde em fevereiro> Com a medida, as contas de luz seguem sem cobrança adicional para todos os consumidores do País.
- Carnaval deve movimentar mais de R$ 8,2 bilhões no turismo, diz a Confederação Nacional do Turismo, quase 27% maior do que o do mesmo período de 2022.
- Na criação de um plano comum de obras com governadores, Lula também prometeu criar um conselho de diálogo federativo e uma comissão para discutir ICMS com o STF. Oxalá!
- O Ministério da Saúde garante: gastará R$ 600 milhões para reduzir a fila de cirurgias no SUS.
- Falando em saúde, a febre amarela reapareceu em São Paulo, que não registrava nenhum caso da doença desde 2020.