Divulgação

Herdeiro de terras ocupadas
pela Agropalma denuncia
esquema com os Barbalhos

Quinta-feira, 27 de maio de 2021

A saga de quase meio século da família Taboranã para reaver cerca de 70 mil hectares de terras ocupadas irregularmente pela Agropalma na região do Moju ganha novos capítulos e direciona os holofotes para a participação de personagens que atuam nos bastidores. Entre eles aparece Jáder Filho, filho de Elcione e Jáder Barbalho, integrantes do governo e o próprio governador Helder Barbalho. Em vídeo de mais de 1 hora e 20 minutos, Júlio Tabanarã levou as denúncias à 5ª. Procuradoria de Justiça do Patrimônio Público e Moralidade Administrativa, onde o procurador Nelson Medrado autorizou a divulgação.

Rede de negociatas

Ao longo de 1 hora, 22 minutos e 56 minutos, Júlio Taboranã discorre sobre os detalhes de um quiproquó jurídico que se estende há mais de 40 anos e não arrefeceu nem mesmo com o falecimento do pai dele, mês passado, depois de exaustiva luta pela recuperação das terras de propriedade da família. E não poupa personagens nessa tenebrosa rede de negociatas, embora manifeste reconhecimento ao trabalho dos órgãos de fiscalização pelos resultados obtidos em favor da família e críticas ao Estado, através do Iterpa e da Secretaria de Meio Ambiente, que, segundo ele, trabalham em favor da Agropalma.  

Ligações perigosas

Pelo depoimento (ver o vídeo), não se pode chamar de republicanas as relações entre a Agropalma e a família Barbalho, ao menos através de Jader Filho. Júlio Taboranã menciona supostas trocas de e-mails obtidas pela Polícia Federal entre o operador Jader Filho e o presidente da empresa, Hilário Freitas – a primeira vez oferecendo “serviços” -, além de contatos com o gerente Antônio Pereira da Silva, que teria comandado as operações fraudulentas envolvendo cartórios – inclusive um “fantasma” – em diversos municípios do Pará.

Plenos poderes

Júlio Taboranã insiste em seu depoimento nos “poderes” exercidos por Jader Filho no governo – Iterpa e Semas – e ironiza as reações do governador Helder Barbalho, para quem as ações da PF contra seu governo são “perseguição política”. Segundo ele, Helder “sabe o que está acontecendo” – “pergunte ao seu irmão, governador”, recomenda. Além de Jader Filho, a lista de Taboranã dedica tempo a situações envolvendo o presidente do Iterpa, Bruno Kono, seu adjunto, Flávio Ricardo e outro personagem conhecido, Iran Lima.

Tráfico de influência

Também chama a atenção a presença constante do advogado Alex Centeno transitando entre o Iterpa e a Semas com liberdade incomum, segundo Taboranã. Alex admitiu ao denunciante, certa vez, que advoga para a Agropalma e para a família Barbalho, o que explicaria a agilidade com que processos de licenciamento ambiental são aprovados mesmo não estando habilitada no Incra; a razão do engavetamento de processos no Iterpa; e a concessão de incentivos fiscais pela da Sedeme, então comandada por Iran Lima.

“Ninguém pega”

Mais dois detalhes se destacam no depoimento de Júlio Taboranã: o suposto comentário do advogado Alex Centeno (filho de Camilo Centeno, presidente do Grupo RBA, cujo maior patrocinador é a Agropalma): “Todo mundo fala em ‘pegar’ os Barbalhos, mas ninguém consegue, né? Outro, citado pelo próprio denunciante: as relações da família Barbalho com Marcelo Brito, genro de  Aloysio Farias, o “Fantasma”, banqueiro que responde pelo Grupo Alfa, dono da Agropalma, para “negociar apoios” ao grupo de comunicação da família.

  • A Secretaria de Meio Ambiente do Estado informa que usa dados oficiais e públicos do sistema de alertas do Deter, do Inpe.
  • Os dados da Secretaria apontam o Pará  reduziu o desmatamento em 14,63% de agosto de 2020 até abril deste ano em comparação ao mesmo período anterior. Já os números do Imazon referem-se a toda a Amazônia no mês de abril deste ano.
  • A Justiça Federal negou liminar a dois portadores de Síndrome de Lesch-Nyhan, que pediam atendimento integral e priorização de vacinação contra a Covid-19.
  • O fundamento da decisão é de que a comorbidade que acomete esses pacientes não consta de nenhuma lista elaborada pelo Poder Público.
  • A síndrome é uma doença hereditária que afeta principalmente os homens e pode causar problemas neurológicos, além de outras manifestações.
  • Morreu na última terça em Belém o arquiteto Jorge Derenji, um dos homens ilustres do Pará, marido da igualmente brilhante Jussara Derenji. Jorge não era paraense, mas dedicou sua vida ao Pará.
  • Sabe-se agora: o hospital de Bujaru foi interditado por orientação da Vigilância Sanitária do Estado, não pela prefeitura do município, como saiu aqui.
  • O prefeito e o secretário de Saúde de Bujaru ficaram de entrar em contato com a coluna para esclarecer os boatos sobre a suposta compra do hospital, mão não o fizeram até o encerramento desta edição.