A propaganda oficial de mais de R$ 100 milhões do governo do Estado oscila entre o cinismo e o deboche ao apresentar as estatísticas da segurança pública ano após ano, nos últimos três anos. Pelos estudos, o ano de 2020 sumiu do calendário, tanto quanto o ano anterior, 2019. Como não houve redução da violência em 2021, o jeito é se pendurar – mesmo com metodologias diferentes adotadas a partir de 2019 – na tipoia de 2018 para apurar as mortes violentas. O que a propaganda oficial – e a domesticada – não mostra é que o crime de roubo disparou por todo o Pará em 2021, com aumento de 5,3%, ou seja, 3.584 registros a mais que em 2020. Foram 67.274 em 2020 e 70.858 em 2021.
Belém na linha de frente
Belém foi a campeã nesse item, com aumento de 11,7%, isto é, 3.009 registros a mais. Foram 25.713 em 2020 e 28.722 em 2021. Isso representa apenas o registrado pelas pobres vítimas que foram aterrorizadas pelos criminosos. Ainda há muitos crimes em que as vítimas não encontraram delegacias abertas ou que deixaram de procurar as autoridades policiais sabendo que o crime não seria solucionado.
Seis bairros sem ter paz
O principal programa do governo do Estado contra a violência, o TerPaz, também registrou aumento de roubos e na violência sexual contra crianças e adolescentes em seis dos oito bairros contemplados em ações contra a violência. Isso sem falar nas mortes por intervenção policial, que aumentaram 7,2% em 2021, com 37 óbitos a mais. Foram 516 em 2020 e 553 em 2021. Então, como se pode propagandear a redução da violência com todos esses aumentos?
Três anos fora da conta
O mais interessante é a omissão das estatísticas de 2019, 2020 e 2021. Ora, o ano de 2018 acabou há três anos e o comparativo precisar ser feito, no mínimo, com o ano anterior, para que a população possa conhecer a realidade da violência por todo o Pará. A transparência exige que sejam apresentados os verdadeiros números da criminalidade. Só quem gosta desses artifícios são os deputados da base do governo na Assembleia Legislativa – inclusive e principalmente os integrantes da Comissão de Segurança Pública.