Agentes de segurança pública tombam no Pará com frequência impressionante, mas, somente agora, em final de gestão, o governo esboça medidas de proteção que deveriam ter evitado mortes nos últimos três anos/Fotos: Agência Pará.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará lançou, em abril deste ano, o último da gestão Helder Barbalho, o Plano Estadual de Segurança Pública e Defesa Social, anunciado pela propaganda oficial como “o primeiro desenvolvido e concluído na história” do Estado, escamoteando, por conveniência política, que planos anteriores e semelhantes também foram implantados em outras gestões governamentais igualmente desenvolvidos e concluídos.

Na ocasião do anúncio do plano, a propaganda oficial só faltou dizer que a atual gestão da segurança pública é a primeira do Pará, ou seja, que nada existia até então e, só agora, no governo de Helder, foi criada a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, sendo o delegado de Polícia Federal Ualame Machado o seu primeiro secretário.

Ação estratégica Ponto.0

O curioso, entretanto, é que o plano, mesmo apresentado após três anos de gestão, deixou de contemplar qualquer ação estratégica voltada para proteger os agentes de segurança pública do Pará – como se atentados contra esses agentes não existissem antes. Em outras palavras, o novo plano, desenvolvido para 2022-2031, já nasceu velho. Assim: não se pode imaginar o que aconteceria com os agentes até 2031 sem qualquer ação estratégica voltada para protegê-los.

Deve ser por isso que a Secretaria de Segurança Pública está anunciando agora, praticamente no meio do ano, “ações para garantir proteção aos agentes de segurança pública”, dentre as quais cursos de autodefesa para os policiais; SOS PM, para pedir apoio em caso de risco ou ameaça; construção de conjuntos habitacionais com linha de especial para o financiamento; e possibilidade de acautelamento de armamento para servidores da reserva e aposentados.

Operação “Cada um por si”

Sem entrar no mérito se essas medidas serão efetivamente cumpridas, todas elas, sem exceção, na visão de um experiente policial, são eminentemente defensivas, não havendo qualquer medida de caráter proativo para enfrentar quem ameaça os agentes. Não foram anunciadas medidas efetivas para impedir os ataques. Ou seja, é o mais do mesmo com nova roupagem e propaganda abundante.  No final das contas, prevalece a regra para os agentes: “cada um por si”.