Fato 1: “Nunca foi tão fácil surrupiar dinheiro público: pipocam pelo Brasil colônias e novas associações de pescadores em regiões onde há mais pescadores do que peixes. Quadrilhas enormes atuam por dentro do serviço público, algumas chefiadas por indicados políticos” (Autoridade federal que acompanha a “Operação Tarrafa). Fato 2: A coluna não tem documento passado em cartório para afirmar quem apontou quem para a Superintendência Federal de Pesca no Pará, mas é fato que dirigentes e servidores públicos foram alvo da operação em Belém, alguns presos e outros citados como tal nas horas que se seguiram ao episódio, todos com pleno direito de espernear.
O deputado federal Eder Mauro fez o que se espera dele: disparou tiros de canhão para matar formiga na tentativa de minimizar os efeitos da operação que envolveu o irmão dele, Amaury Barra, então superintendente federal da Pesca no Estado. Apesar do barulho e da fumaça, os fatos estão postos: Amaury da Pesca não foi preso, conforme se especulava no prédio da Superintendência na segunda-feira 21, mas acabou exonerado nesse mesmo dia: “… foi um dos alvos da operação da PF para investigar desvios no seguro defeso. Amaurivaldo não foi afastado do cargo pela Justiça para não ser ‘premiado’ e receber regularmente a remuneração sem trabalhar enquanto é alvo de investigação, conforme considerou a Justiça Federal”, aponta reportagem do Dol, ontem, 23.
Onde há fumaça há fogo
Pouco mais de uma hora depois da edição em que a coluna noticiava a exoneração de Amaury Barra do cargo, assessores do deputado Eder Mauro encaminharam a seguinte nota de esclarecimento, publicada no mesmo dia: “O deputado federal Delegado Éder Mauro (PL) desmente a informação veiculada pela coluna do “Olavo Dutra”, hoje (22), em que afirma que o irmão do federal paraense, Amaury Barra, teria sido preso na operação “Tarrafa”, realizada pela Polícia Federal, no Pará, no último dia 18. O deputado informa que Amaury Barra não sumiu, tampouco foi preso, pelo contrário, fez denúncia contra a quadrilha investigada pela PF e tem contribuído com a investigação da Polícia desde o começo. Éder Mauro rechaça a tentativa do jornalista Olavo Dutra em veicular fake news em ano eleitoral, em publicar matéria tendenciosa sem ouvir o outro lado, praticando o típico jornalismo de um lado só”. Nem uma palavra sobre a exoneração, como se vê, mas o bombardeio continuou através de áudio e notas nas redes sociais do parlamentar.
Veja trechos da publicação
Há divergências de informações envolvendo Amaury da Pesca na operação. Algumas dão conta de que sequer se encontrava em Belém naquele dia, mas é certo que ele e diversas pessoas a ele ligadas foram alvo da PF. Alguns estão presos, mas os nomes são guardados – por razões desconhecidas – a sete chaves. Até ontem dado como “sumido” da sede da Superintendência, à avenida Almirante Barroso, ninguém sabe de Amaury, havendo, inclusive, quem o dê como preso. A única informação correta é de que “saiu de circulação”.
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Lugar errado,
na hora errada
Parecem intempestivas as reações provenientes do gabinete do parlamentar em Brasília, inclusive através das redes sociais, ameaçando recorrer a “medidas judiciais cabíveis” quando, tudo indica, não houve sequer uma leitura completa das informações veiculadas pela coluna. Alguém teria falta à aula de leitura de texto (ouça o áudio). Estranho para quem se habitou a prender e a mandar prender, e muito mais estranho ainda para um parlamentar que afirma ter favorecido a operação federal propondo inquérito para investigação “das falcatruas no seguro-defeso”. Enfim, se alguém estava no lugar errado e na hora errada da operação, nossa solidariedade. A Justiça está aberta para receber denúncias contra a coluna e todos os veículos de comunicação do Pará e do Brasil que se reportaram aos fatos pós-operação – alguns, não a propósito, “embarcando” na coluna.
Veja vídeo (TV Liberal)
Clésio esclarece processo
Em nota encaminhada à coluna, ontem, o ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Pará Clésio Santana esclarece “que não houve neste processo decretação de prisão preventiva em face do noticiante. Ora, sequer houve pedido da PF nesse sentido em face de Clésio, então a notícia divulgada de que o noticiante foi preso é totalmente falaciosa. Quanto às demais, acusações, destaca que o procedimento se encontra ainda em fase de investigação, nem sequer contando com apresentação de denúncia pelo Ministério Público Federal, inexistindo, dessa forma, indícios aptos de envolvimento criminoso do noticiante” (Clique aqui para acessar a nota na íntegra).