Calado, Ciro Nogueira
já impulsiona pauta
econômica no Congresso

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Brasília – Analistas financeiros ouvidos pela coluna nesta sexta-feira avaliam que a posse do novo ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, está gerando um clima de otimismo entre os principais responsáveis pelo avanço da pauta econômica no Congresso, em um semestre considerado decisivo, antes do fechamento da janela de governabilidade.

Sobrecarregado pelos incêndios que precisa apagar, Ciro Nogueira ainda não se manifestou sobre a agenda do ministro da Economia, Paulo Guedes. No entanto, projetos como as mudanças no Imposto de Renda e a privatização dos Correios devem entrar na pauta da Câmara já na semana que vem, segundo o presidente Arthur Lira. Isso não garante que serão aprovados imediatamente, mas que a discussão retomará impulso.

Os principais projetos da pauta econômica que podem ser aprovados ainda neste ano pelo Congresso Nacional podem impactar positivamente ativos de consumo, imobiliário e do setor financeiro, além de reduzir as caudas longas dos juros, equilibrar o câmbio e melhorar a sustentação fiscal.

Em agosto, devem começar os trabalhos de análise do projeto que cria a Contribuição sobre Bens e Serviços, a CBS. O relator, deputado Luiz Carlos Motta, informa que deve concluir seu parecer na semana que vem. Já Arthur Lira também reafirmou que a Reforma Administrativa segue como prioridade do semestre.

Ciro Nogueira forma com Arthur Lira, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e com o deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, o núcleo-duro do Centrão mais empoderado no Palácio do Planalto. O time é fortalecido pelo ministro das Comunicações, Fabio Faria, que pode migrar do Partido Social Democrático para o Progressistas.

No Senado, o novo ministro da Casa Civil já é aposta para impulsionar a parte constitucional da Reforma Tributária. O relator, Roberto Rocha, afirma que seu texto à Proposta de Emenda à Constituição 110 ficará pronto também no começo de agosto.

Ciro Nogueira irá cuidar imediatamente da recuperação da imagem do presidente Bolsonaro, devido ao risco de estreitamento da janela de governabilidade, principalmente no Senado. A Casa receberá a maior parte das matérias votadas pela Câmara perto do fim do ano. Ciro Nogueira precisará aparar arestas da CPI da Covid-19 e permitir uma recuperação da imagem do mandato de Jair Bolsonaro com a reeleição em vista. O esforço institucional envolvido não será simples.

Todavia, os primeiros sinais do freio de arrumação no Planalto apontam para preservação do novo padrão de governabilidade, marcado por manter as reformas no radar a despeito dos problemas políticos, e o progresso da pauta econômica combinado com o incremento da agenda social e obras públicas – elemento crucial para Jair Bolsonaro ser competitivo em 2022, sobretudo se confirmada a polarização com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.