Noves fora os detalhes sórdidos – e mórbidos – das conversas e expectativas no gabinete da Secretaria de Ciência e Tecnologia nos angustiantes dias em que o titular Carlos Maneschy padecia vítima da pandemia do novo coronavírus no leito de um hospital, a sucessão, concluída no início deste mês com a saída de Maneschy, começou a ser desenhada pela atual secretária, Edilza Fontes, com uma visita a cinco deputados na Assembleia Legislativa com o singelo pedido de chancela do seu nome junto ao governador Helder Barbalho para ocupar o cargo. O script foi cumprido à risca até a exoneração de Maneschy, pré-candidato às eleições de outubro, e a nomeação de Edilza, seguida de um animado encontro de despedida, dia em que o ex-secretário virou “cavalo de Tróia” para os insuspeitos planos da sucessora.
Caminho de volta
No último dia 5, o Diário Oficial publicou portaria em que o diretor de Administração e Finanças da Secretaria de Ciência e Tecnologia, Adejard Cruz, autoriza a nova secretária a se deslocar para Marabá, sudeste do Estado, nos 11 e 12 – segunda e terça-feira desta semana -, “para discutir projeto do ex-reitor da Unifesspa professor Maurício Monteiro”. Esse era o plano: usar a Secretaria em favor do grupo político da ex-governadora Ana Júlia Carepa, com tempero grego: ao convocar o ex-secretário para a “despedida”, Edilza colocou aos pés de Ana Júlia e seu ex-cunhado Maurílio Monteiro 16 prefeituras da região do Carajás usando o “cavalo de Tróia” para envernizar de legitimidade política e governamental o apoio ao PT, engambelando o governador, a mãe dele, deputada federal Elcione Barbalho, o próprio Maneschy e, de quebra, colocando mais lenha na ardente fogueira PT-MDB.
Amigos, amigos…
A constatação é de que o professor Carlos Maneschy escapou do leito de morte, mas está fatalmente fadado a ser “desconstruído” como ex-secretário em meio às bizarrices da nova gestão, que incluem assédio moral, nomeações, perseguição a supostos traidores e demissões, algumas, dizem as paredes, rejeitadas pelo governador e pelas imposições das regras do jogo. Chamada de “Tiranete institucionalizada” nos corredores da Secretaria, a professora Edilza Fontes, que se intitula “afilhada do governador” e “protegida de Dona Elcione” pode estar atirando no próprio pé – mas só os humores políticos dirão. Reincorporar a velha política e redirecionar os holofotes de programas considerados importantes para o governo para antigos companheiros deve chocar até os fiadores da sua nomeação.
Papo Reto
- O que se diz é que o deputado federal Nilson Pinto abriu o que lhe resta do bico tucano e anunciou internamente sua disposição de se lançar candidato ao Senado. Manuel Pioneiro (foto) deve ter entendido o recado – os dois recados. O bom entendedor entenderá.
- Falando nisso, os arraiais petistas parecem ter baixado o fogo da revolta que ardia nos bastidores por conta da imposição – perdão, indicação – de Josenir Nascimento à vaga de vice de Beto Faro. É verdade que manda quem pode, obedece quem tem juízo?
- Não é verdade que o Tribunal de Contas da União irá mandar uma equipa técnica para levantar informações sobre pagamento de diárias “fantasmas” no âmbito do Estado. A tarefa fica por conta do TCE – ou seria do Ministério Público, um ano depois da posse do PGJ?
- Também não é verdade que a PM estaria disposta a dar transparência total à cessão de policiais que atuam fora da corporação, incluindo os que atuam à paisana, como ajudantes pessoais de autoridades.
- Cresceu muito o número de vítimas de hackers que capturam contas e senhas bancárias e deixam os correntistas sem dinheiro.
- A OAB resolveu pedir providências ao CNJ contra instabilidade e indisponibilidade do Sistema PJe do Tribunal de Justiça do Pará.
- No documento, a Ordem enfatiza que o TJ não apresenta certidões e informações suficientes para mitigar os prejuízos sofridos pelos operadores do Direito no Estado.
- A partir do dia 20, os ingressos para o show “Para Sempre Ruy” serão vendidos na bilheteria do teatro. Toda a renda será destinada às organizações que cuidam dos mais vulneráveis.