No quinto andar da Torre funciona um dos escritórios mais movimentados do Pará. A “torre” é o espigão cuja base compreende as instalações que abrigam o centro nervoso da RBA, o grupo de comunicação da família Barbalho, à avenida Almirante Barroso, em frente ao Bosque Rodrigues Alves, em Belém. Trata-se de uma construção relativamente antiga, comprada pelo atual senador Jader Barbalho ao empresário Jair Bernardino, morto em acidente de avião. Como centro de negócios, a torre passou a concentrar, além das demais operações do grupo, a administração do empreendimento mais vicejante da família – fazendas de criação de gado adquiridas na região nordeste do Pará -, praticamente desocupando a antiga sede do jornal “Diário do Pará”, que funcionou à rua Gaspar Viana, esquina como o Batalhão da Polícia Militar. Reunidos na torre icônica, todos os negócios da família Barbalho são administrados pelo empresário Jader Filho, o nº 1.
Os dois filhos de Jader
Funcionários do Grupo RBA com circulação no núcleo administrativo têm claramente definida a natureza que caracteriza os dois filhos do casamento de Jader com Elcione Barbalho: o número 1 carrega o dom empresarial; o número 2, por óbvio, o governador Helder Barbalho, a habilidade política “herdada do pai”. O que ninguém sabe dizer, porém, é até quanto, diante das circunstâncias políticas, algumas delas bastante adversas, o número 1 irá se manter ligado exclusivamente aos negócios da família: Jader e Elcione Barbalho caminham para completar, em outubro agora, 78 anos de idade; Elcione está sob forte pressão da Justiça Eleitoral e com risco de perder o mandato e o governador Helder Barbalho, alvo de operações da Polícia Federal, não vive situação exatamente confortável.
Eles também são vítimas
Muito se especula sobre os movimentos do filho nº 1 nesses dois primeiros meses do ano. Recentemente, por sua participação em dia de campo da Fazenda Guarani, em Paragominas, comentava-se que Jader Filho estaria sendo preparado – ou preparando um preposto – para disputar a presidência da Federação da Agricultura, a Faepa, que tem eleições marcadas para o próximo ano. Na verdade, segundo fontes da coluna, os interesses comerciais da família levaram o empresário a participar do evento – por conta da administração desses negócios, Jader Filho teve que fazer uma reengenharia: parte da semana ele se dedica ao grupo de comunicação e nos finais de semana vai para o campo. Mas, em meio a tudo isso, verdade ou não – Barbalhos também são alvo de fake news -, as redes sociais publicaram que o nº 1 será o suplente de Beto Faro na corrida ao Senado.
O fator Jader Filho
“Essa é nova para mim”, espetou fonte ligada ao ex-prefeito Manoel Pioneiro, em Ananindeua, antes de o sol da última quinta feira 10 se levantar. E insistiu: “Pioneiro foi traído?” “Armaram pra cima dele?”. Compreende-se o espanto. Diz a lenda que o senador Jader Barbalho conquistou o apoio do ex-prefeito à candidatura do filho Helder ao governo do Estado com a promessa de apoiá-lo na disputa ao Senado, mas, como a política é muito dinâmica, o próprio governador se encarregou de botar pedra no caminho do sonho de consumo do ex-prefeito jurando apoio ao deputado federal Beto Faro, do PT, partido com o qual também tem lá seus compromissos – sem falar que também vê com bons olhos a possibilidade da candidatura da atual secretária de Cultura, Úrsula Vidal. Assim é que o nº 1 tanto pode ajudar a família quanto pode ser um pesadelo para os aliados do governo.