O anúncio da confirmação da cúpula do clima feito pelo presidente Lula e pelo governador Helder Barbalho não teve a presença do prefeito de Belém, que, abaixo dessa linha, enfrenta resistências dentro do próprio partido, o Psol, inclusive com evento paralelo/Fotos: Divulgação.

Evento internacional é encarado pelo grupo do prefeito de Belém como rara oportunidade para capitalizar e salvar gestão à frente da prefeitura, mas há pedras no caminho.  

A cidade de Belém vai receber a COP-30, segundo o anúncio feito pelo presidente Lula e pelo governador Helder Barbalho, mesmo que o prefeito da cidade, Edmilson Rodrigues, tenha ficado de fora, o que levou sua equipe de comunicação a correr para tentar ‘colar’ a imagem do alcaide ao anúncio. Em contraponto, o Sintepp-Belém, comandado pela vereadora Professora Sílvia Letícia, arregaça as mangas para organizar a Cúpula dos Povos, que prevê a participação do ator Leonardo Di Caprio, do cacique Raoni e da ativista ambiental, Greta Thumberg. 

A COP-30, mesmo ocorrendo em novembro de 2025, ou seja, dez meses depois da posse do novo prefeito da cidade, é encarada pela equipe do prefeito, devido às obras de preparação para sediar a conferência, como a última oportunidade para Ed50 tentar capitalizar e salvar sua inexpressiva gestão à frente da cidade e impulsionar seu projeto de reeleição.  Para a vereadora Sílvia Letícia, será uma oportunidade para denunciar ao mundo as mazelas por que passa a população da capital e amplificar o embate que vem travando dentro e fora do Psol contra o grupo do prefeito.

Lado a e lado B

De uma coisa até os urubus que povoam o Ver-o-Peso sabem – e devem ter comunicado às garças da Praça Batista Campos: de um lado estará o prefeito Edmilson Rodrigues tentando dourar a pílula de mãos dadas com o capitalismo verde; do outro, a vereadora, empunhando a bandeira do “Sim, outro mundo é possível”.

Os bons filhos

Aos poucos, Belém apressa-se para o pódio de cidade virtuosa. 

As ruas, de forma rápida, são invadidas por camelôs e desocupados. As invasões, frequentes, não são reprimidas; principalmente nos inúmeros conjuntos populares, onde a educação do populacho dá-lhes o direito de avançar sobre o patrimônio público e que as inúmeras secretarias fiscalizadoras camuflam 

As calçadas, feitas ao modo próprio de cada um, provocam quedas e tropeções nos que insistem em caminhar. As ruas asfaltadas, esburacadas ou mal capeadas são armadilhas assassinas da integridade dos veículos. 

A outrora famosa rua João Alfredo é um exemplo da desmoralização da nossa prefeitura. Uma algazarra pública. No Conjunto Satélite, avenida Pentecostal, um morador ocupa um trecho da calçada como extensão da sua moradia que – para o pedestre, o passeio público é a pista de rolamento. Na Duque de Caxias, entre a Vila Tupi e a travessa Perebebuí, na esquina, há uma casa que ocupa totalmente o passeio há muitos anos. Logo após o Pórtico do Mosqueiro, as laterais da rodovia enfeitam os nossos olhos com os casebres de uma invasão, inicialmente contida, agora viçosa. 

Na Conselheiro Furtado, entre Barão de Mamoré e José Bonifácio, é impossível caminhar nas calçadas, direita e esquerda, sem fazer malabarismos entre os desníveis.

A avenida Augusto Montenegro, além do desnivelamento das bocas de lobo, apresenta buracos arreganhados para os pneus dos carros. A avenida Padre Bruno Sechi, antiga rua da Yamada, inaugurada ao som de discursos governamentais, poucos dias depois dos festejos providenciou a retirada de boa parte do asfalto porque “esqueceram” a rede de drenagem. Hoje recapeada, a Bruno Sechi mostra mazelas no reasfaltamento. Na avenida Centenário, as crateras na pista pedem acidentes a todo momento, sem contar o lixo espalhado ao longo do trajeto. 

Belém é assim e pior ficará. E quando olhamos para o alto encontramos um emaranhado de fios interligados entre postes grotescos, cópia fiel do traçado de uma cidade estapafúrdia governada por bons filhos da terra.