Fiscal da Prefeitura de Salinópolis percorre a Praia do Atalaia e mede em vídeo a extensão da sujeira produzida por veranistas; na segunda-feira, 20 quilômetros adiante, a Praia da Marieta, em Maracanã, não está para banho/Fotos-Divulgação-Redes Sociais. 

O que é bom para Salinópolis é muito ruim para Maracanã, município a pouco mais de 20 quilômetros de distância. O dinheiro que circula em Maracanã no mês de julho não chega a um quarto – se muito – do valor despejado por endinheirados que costumam fazer da Atlântica o point preferido em altas temporadas. Não bastasse, a maior parte do lixo produzido por veranistas nos finais e semana na Praia do Atalaia, por exemplo, acaba depositado pelas correntes marinhas em Maracanã, exatamente na Praia da Marieta, a mais frequentada. Quando banhistas fazem a festa em Salinas, segunda-feira não tem praia em Maracanã.

Mustangs, Porshes e Jaguares

Ontem, final da tarde, centenas, senão milhares de veículos se espremiam ao longo da BR-316, trecho Santa Izabel-Belém, tentando voltar para casa depois de badalado final de semana em Salinópolis e outros municípios da Costa Atlântica do Pará. Antes de chegarem ao destino, ocupantes de Porshes, Jaguares e Mustangs, além de carros luxuosos de fabricação nacional sequer se davam conta do lixo deixado para trás. Os frequentadores da Praia da Marieta, em Maracanã, deviam estar pensando: eu sei o que vocês fizeram no último final de semana…

Praia da Marieta, em Maracanã, interditada pelo lixo produzido em Salinópolis/Redes Sociais.

Mais rápido do que o retorno

As imagens que circulam nas redes sociais impressionam pelo lixo esparramado nas praias de Salinópolis e levados pelo mar para Maracanã. Enquanto os comerciantes da Atlântica festejam, os garis da Praia da Marieta trabalham para receber a migalha de veranistas menos afortunados que chegam em busca de diversão. É tanto lixo que a praia às vezes só é liberada quando os visitantes da Atlântica arrumam seus bregueços para retornar à rotina em Belém nos seus carros caros, potentes e luxuosos. Aos frequentadores da Praia da Marieta conforta saber que, lá, o mar não engole carro. Nem de rico.

A inteligência e a ignorância

Às autoridades, aos fiscais da lei, aos posudos e mal educados sujismundos que frequentam Salinópolis e não sabem dar destino ecologicamente correto ao lixo que produzem resta o que Nelson Rodrigues não disse, mas deveria ter dito: “A inteligência é limitada, mas a ignorância é infinita”.

A insegurança das estradas

O Dnit e a Secretaria de Transporte do Estado não se entenderam na questão da segurança nas estradas que levam aos balneários do interior do Pará, entre eles Salinópolis e Bragança, ou mesmo Curuçá e Mosqueiro, este, na Região Metropolitana de Belém. A coluna não vai nem falar da saída de Belém, na qual, em horário de pico, leva-se entre hora e meia a duas horas até Benevides.  O trecho da BR-316 de responsabilidade do Dnit, além de muito mal sinalizada, está completamente esburacada, principalmente no retorno para a capital, desde o município de Santa Izabel. 

As estradas estaduais que levam a Mosqueiro e Salinópolis, de responsabilidade do Estado, também estão mal sinalizadas e com muitos buracos – quando são “remendados” ficam na forma de calombos, que vêm a ser, tecnicamente, um buraco “emborcado”.

Para o governo do Estado, quando se fala em segurança nessas rodovias, o ápice parece que é expor dezenas de veículos do Detran e a Polícia Militar, com agentes e policiais parando motoristas para averiguar documentação e multar, que nisso eles são muito bons.  Rodovias mal sinalizadas e esburacadas não são vistas como inseguras. Buracos e falta de sinalzão são apenas detalhes.

Aeroporto melancólico

Inaugurado com pompa, circunstância e propaganda, o Aeroporto de Salinópolis, como outra grande obra da família Barbalho na cidade, virou “atração turística”, não pelo que representa, mais pelo que custou, mas alguns visitantes deixaram o espaço decepcionados.

Além da pista e um terminal simples de embarque e desembarque para apenas um voo diário e pouquíssimas aeronaves particulares de pequeno porte no pátio, nada mais. Nada de lanchonete aberta e apenas um vigilante para dizer que não sabe informar nada, além de um cartaz no balcão da voadora Azul com um número de telefone. 

O estacionamento já está fazendo lama e logo não será possível descer do carro sem sujar os pés. Quanto agosto chegar, o “mês do desgosto” deve parir mais um “elefante branco”.