Uma sucessão de descasos, prazos e retardamentos atormenta familiares de líder quilombola Nazildo Brito, morto em 2018 com 30 tiros, enquanto seus executores, devidamente identificados pela Polícia Civil, levam a vida “em paz” e sem perturbações.
Um sentimento de dor, revolta e medo real de represálias faz parte do dia a dia de parentes e amigos de uma liderança quilombola vítima da pistolagem em Tomé-Açu: Nazildo dos Santos Brito foi assassinado em uma emboscada na zona rural do município com mais de 30 tiros no dia 14 de abril de 2018, mas, até hoje, nenhum dos envolvidos no crime foi preso.
Segundo a Polícia Civil, a motivação do crime atende pelo nome de “conflito agrário”, ou “disputa de terra”, praticado em “concurso de agentes por parte dos acusados”, sendo que Marcos Vieira e Raimundo dos Santos foram os executores e José Dalmo Zani, o mandante.
Os assassinos já têm contra eles mandados de prisão preventiva decretados no curso do inquérito, mas apenas Marcos Vieira, o “Gordinho”, foi preso – não por esse crime, e sim por ter atropelado e matado, com sinais de embriagues, duas meninas. Pagou fiança e foi solto.
Raimundo dos Santos, o “Maxixe”, não está foragido. Ele trabalha na Fazenda Estrela Dalva, no município de Tome-Açu, cujo proprietário e José Dalmo Zani, irmão do José Dalmo Zani, que segue as ordens do irmão no melhor estilo “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Em relação a Dalmo Zani, mandante do crime, o Ministério Público do Estado, além de oferecer denúncia, também havia pedido a decretação da prisão preventiva.
A denúncia foi recebida pelo juiz de Tomé-Açu no mesmo dia em que foi oferecida. Mas, segundo o promotor de Justiça Tiago Lopes, isso não se concretizou porque ainda se encontra pendente de apreciação judicial, já que foi conferido prazo pelo juiz para apresentação de manifestação da defesa, o que até hoje também não aconteceu.