O Partido Verde do Pará protocolou na Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, no final da tarde de sexta-feira (10), um requerimento de informações ambientais sobre a empresa Imerys, que tem o impacto de um xeque, aquela jogada do xadrez em que o rei ainda não está morto, mas está encurralado.
Segundo o presidente do PV no Pará, José Carlos Lima, os questionamentos feitos à Sema ajudam a impedir que se imponha uma cortina de fumaça sobre as circunstâncias que provocaram o incêndio ocorrido no último dia 6, em um galpão da Imerys, em Barcarena, provocando pânico nos moradores, causando riscos ao meio ambiente e levando 70 pessoas ao atendimento médico.
Cortina de fumaça não é apenas um trocadilho, neste caso. É aquela velha estratégia, muito usada diante de crimes ambientais, em que os culpados fazem verdadeiros contorcionismos com a verdade, para fugir de responsabilidades – em alguns casos, com a conivência, ou omissão, do poder público.
Mineradora é useira e vezeira em contaminação
A Imerys não é uma inocente debutante nesse cenário. Maior exportadora de caulim do planeta, com planta industrial instalada há 20 anos em Barcarena, além de duas minas e um porto privado, a empresa coleciona denúncias de crimes ambientais. Já chegou a ter sua licença de operações suspensa pelo Ministério Público Federal e pelo MP Estadual por causa de vazamentos de resíduos poluentes, que contaminaram os rios da cidade, em 2018.
O incêndio de agora, com produção de fumaça tóxica, é apenas mais uma anotação na ficha corrida da mineradora, protagonista de outras 9 ocorrências, acumuladora de notificações e autos de infração por crimes ambientais (neste episódio ganhou mais três) e aparentemente inabalável no aconchego da impunidade. Desta vez, porém, o cerco à Imerys está mais apertado.
O Ministério Público abriu apuração, Delegacia do Meio Ambiente e Defensoria pediram providências. Uma comissão de deputados estaduais checou o local e saiu de lá dizendo que a Imerys não está licenciada. O PV do Pará, além de fustigar a Semas, afirma que a mineradora sabia do risco de incêndio mas nada fez – e agora vai ter de se explicar.
Não apenas às lideranças e autoridades, mas ao mundo inteiro, que hoje mantém a pauta do meio ambiente acesa, e às 20 entidades de direitos humanos e ambientais, que divulgaram carta aberta denunciando a Imerys pelo velho e pelo novo.