Não precisa ser nenhum especialista em saúde pública para compreender a razão pela qual o setor agoniza no Pará. Gerada ora pelo desmantelamento do sistema, em favor de interesses meramente eleitoreiros, ou por outros fatores nada republicanos, a situação desagrada a população e constrange servidores bem intencionados. É o caso, por exemplo, da 12ª Regional de Saúde, com sede própria em Conceição do Araguaia, sudeste do Pará, cuja diretora é Jucirema Gomes, nomeada por inspiração do deputado Alex Santiago, do PL.
Iminência parda
O que mais revolta a população da região é que só se conseguem leitos, exames especializados e cirurgias eletivas na esfera da Regional mediante o expresso aval desse parlamentar ou o do pai dele, Pedro Santiago, apontado como a “eminência parda” de todo o processo regulatório, uma vez que é quem manda de fato no “poste” Ismaene Maciado, nomeada de direito para o setor, que funciona em uma sala do Hospital Regional do Araguaia, em Redenção, sob a gestão da Organização Social Associação de Saúde, Esporte, Lazer e Cultura, a OS Aselc, a mesma que administra o Hospital Regional de Castanhal.
A duríssima e cruel realidade do sul do Pará aponta que azar do paciente que não possua um prefeito ou vereador não parceiro do deputado Alex Santiago. “Irá ‘mofar’ na fila de espera para obter atenção em saúde” – diz Marlene das Graças Neves, 51, comerciária de Redenção e mãe de paciente. O uso do público como se privado fosse segue promíscuo, nas barbas do Ministério Público Federal.