A anunciada greve geral dos servidores públicos federais no Pará subiu o telhado. Pelo menos é o que se comenta entre integrantes da Central Única dos Trabalhadores, a CUT, e da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Pará, a Adufpa, as duas entidades mais representativas dos sindicatos de trabalhadores em atuação no Estado. E parece que a operação de desmobilização tem mais a ver com a fragilização do movimento sindical do que com a falta de disposição das lideranças de sempre, que estão com sangue nos olhos e faca nos dentes para o que denominam de “ajuste de contas com o governo Bolsonaro” – daí que o movimento teria ligação direta com a eleição presidencial de outubro.
Fim da era da “greve pela greve”
Na verdade, houve um “racha” considerável entre os eternos militantes profissionais da greve pela greve. Os sinais mais duros partiram, por incrível que pareça, da militância petista na UFPA, especialmente docentes mais sensatos vinculados à Adufpa e estudantes vinculados ao DCE, que argumentam quão antipático seria decretar uma paralisação agora, quando as atividades acadêmicas presenciais estão sendo retomadas, depois de dois anos de penoso processo de atividades remotas. O que mais se ouve pelos corredores do campus da UFPA e da Ufra é a pergunta “já não bastam os dois anos de paralisação?”. Do outro lado do balcão, as lideranças vinculadas ao Psol e ao PSTU argumentam que a “hora é agora”, argumentando suposto desgaste do governo federal.
Rearticulação aponta para junho
Pelo sim, pelo não, o tema greve neste momento “sumiu” das convocatórias das assembleias dos sindicatos à espera de melhor momento para ser retomado, o que se avalia seria mais próximo ao mês de junho, quando eventual paralisação emendaria com o tradicional mês de recesso, em julho, já próximo ao período mais quente da campanha eleitoral, mas isso é assunto para outras assembleias gerais, se vierem a acontecer.