A Diretoria da Festa de Nazaré inova neste Círio ao permitir a condução da imagem pelo governador e provoca polêmica/Foto Divulgação
O Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Alberto Taveira, não teve, neste ano, a mesma participação observada em Círios anteriores, mas, quando o fez, abriu espaço para uma nova polêmica envolvendo a Igreja Católica. Dom Alberto, a certa altura do evento, entregou a imagem da Santa nas mãos do governador Helder Barbalho, gesto incomum para parte dos observadores, ato político para outras, mas, principalmente, clamorosa falha da Diretoria da Festa ou de quem quer tenha criado esse “novo protocolo” que permitiu misturar política e fé. Quanto ao governador, fez o que gosta tanto quanto pode.
Saúde debilitada
e caça ao voto
O arcebispo de Belém não teve grande participação no Círio porque recentemente precisou se submeter a uma cirurgia para tratamento de problemas de coluna. O governador se sobrepôs a todos os religiosos na participação do evento porque lhe deram oportunidade – e uma das réguas mais usadas por Helder é a que mede votos. Assim, o que teria levado a Diretoria da Festa a recomendar o “protocolo” pelo qual o governador acabou conduzindo a imagem na Basílica é o motor para os olhares enviesados à cena.
Sem prefeito e sem vice,
Belém fora de ordem
O que se sabe é que a regra não escrita prevê que, na chegada da Romaria Rodoviária, vindo de Icoaraci, a imagem da Santa seja entregue, na Escadinha do Porto, ao lado da Estação das Docas, ao prefeito de Belém, no caso, Edmilson Rodrigues, que está em tratamento de saúde. Como o vice-prefeito, Edilson Moura, está “zero a esquerda”, restaria ao “prefeito executivo”, o chefe de Gabinete Aldenor Júnior fazer as honras da casa, mas aí o protocolo ficaria mais bizarro ainda. Resumo da ópera: algumas coisas estão fora de ordem em Belém, ou, antes, são muitos processos para analisar em apenas um Círio.
A carruagem passa,
mas fica a preocupação
Como nos contos infantis, para muitos devotos da Virgem de Nazaré afastados de celebrações à padroeira há mais de ano por conta da pandemia – e para quem política e fé não se misturam nem nos dias santos de guarda -, o temor é de que a carruagem do Círio vire abóbora. Muitos deles consideram que houve exploração política permitida do Círio com uso da imagem da Virgem – sem contar que Helder Barbalho faz muito bem o estilo “o Estado sou eu”, com emenda: “o Estado é laico” – o que lhe garante transitar com a mesma devoção e ferver em qualquer templo religioso: católico, evangélico ou afro.
Religiosos convidados
para as celebrações
Neste ano, a Arquidiocese de Belém recebe bispos convidados de várias arquidioceses, dioceses e prelazias para a presidência das celebrações das missas durante a quadra nazarena, que faz parte da programação do Círio. O convite foi feito pelo Arcebispo Metropolitano onde 11 bispos – oito das dioceses do Pará, um de Manaus e dois do Maranhão. Quem vem pela primeira vez é o arcebispo da Arquidiocese de Manaus, Dom Leonardo Steiner.
Arcebispo paraense vem;
Núncio Apostólico, não
Quem vem pela primeira vez como arcebispo é o paraense Dom Gilberto Pastana, recém-ordenado Arcebispo da Arquidiocese de São Luís, que presidirá a missa no dia 23 de outubro. Dom Gilberto, junto ao então Núncio Apostólico do Brasil, Dom Giovanni d’Agniello, foram os anfitriões do Círio 2019, na ausência dos bispos da Arquidiocese de Belém e do Pará que estavam, no Sínodo da Amazônia, em Roma. Neste ano, o Círio não terá a presença do Núncio Apostólico no Brasil por razões até agora não esclarecidas.
Há quem afirme, garanta e até aposte todas as fichas que a indicação de novo conselheiro ao TCE irá funcionar, digamos, como um “mimo” poderoso e suficientemente capaz de evitar certa delação.
Estão pegando pesado com Fafá de Belém nas redes sociais em São Paulo, com respingos no Pará. Um das postagens chama a cantora paraense de Fafarra de Belém, que teria sido beneficiada pelo governo Dória para promover a Varanda do Círio.
O deputado federal Nilson Pinto (foto), que se debandou do ninho tucano para o MDB de Helder Barbalho, teria selado apoio irrestrito e incondicional ao colega Beto Faro ao Senado da República.
Estranho como o delegado federal Everaldo Eguchi “se deletou” em a menor explicação de mais de 15 grupos de WhatsApp dos quais participava desde o ano passado.
No Rio Grande do Norte o MPF denunciou o ex-secretário-adjunto de Saúde de Natal Vinícius Capuxu de Medeiros e o empresário Wender de Sá por peculato qualificado, dispensa ilegal de licitação e fraude em execução de contrato administrativo.
Eles direcionaram ilegalmente a contratação da empresa Spectrum Medic para o fornecimento de 20 respiradores pulmonares – usados ou seminovos – destinados ao combate à pandemia da Covid-19 na capital potiguar por R$ 2,1 milhões.
Os equipamentos se mostraram inservíveis, tendo mais tempo de fabricação e de uso do que a vida útil, prevista para dez anos.
Alguns respiradores nunca funcionaram e muitos apresentavam características suspeitas de serem clandestinos ou fruto de falsificação e, mesmo assim, os preços pagos pela Secretaria de Saúde estavam muito acima dos praticados no mercado.