O governo Helder Barbalho será confrontado até o final deste mês em protesto anunciado por ex-militares da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros excluídos de suas respectivas corporações ao longo de muitos anos e a quem prometeu, antes de ser eleito governador do Estado, que resolveria a situação, desde que eleito fosse. E foi, muito por conta do esforço desse contingente, que se atirou de cabeça na campanha, mas, até hoje, vive na esperança do cumprimento da promessa. Na contagem de perdas e danos do relógio do tempo, o total de policiais ainda considerados aptos à reintegração às tropas gira em torno de 250 pessoas, no máximo, mas já foi de mais de 1,2 mil.
O protesto, pacífico, deve acontecer a partir do dia 15 desde mês, em frente à sede do governo, e prevê apenas cobrar de sua excelência posição concreta: se irá ou não honrar o compromisso. Para não dizer que os ex-militares estarão desarmados, convém lembrar que a ideia é brandir, de punho em riste, cópias de termo de compromisso assinado por Helder Barbalho, àquela altura, em que se compromete a resolver um problema que já passara pelas mãos do pai dele, então governador Jader Barbalho, que reintegrou “parcialmente” uma parte dos excluídos, passou pelos governos seguintes e se reascendeu com a promessa do governador de plantão.
A saga dos excluídos e
o uso de promessas não cumpridas
A saga dos excluídos data de 2007, mas, em 2014, teve um fio de esperança aceso, quando Helder tentou pela primeira vez e não se elegeu governador do Estado – o termo de compromisso foi assinado em 2018. Naquelas eleições, porém, quem se “deu bem” nas urnas, com apoio dos ex-militares, foi o atual deputado Vanderlan Quaresma, que, anos depois, com o mesmo apoio e sustentando a mesma promessa de ajuda elegeu a própria filha, Brenda Quaresma, à Câmara de Belém, enquanto os excluídos iam se derretendo ao longo do caminho envolvidos em histórias de erros, mentiras, assédio moral e sexual dentro das corporações, perdas e sofrimentos familiares.
Caprichos de caserna
A questão se baseia em uma série histórica de afastamentos das fileiras das corporações por supostas irregularidades – muitas das quais comprovados – sem o devido processo legal e sem direito ao chamado contraditório. Ocorreu assim nos casos de assédio sexual e assédio moral. Ou a soldadela cedia aos caprichos de oficiais. ou estaria condenada pelo resto da vida. Hoje, por exemplo, sabe-se que a Corregedoria da PM declarou a nulidade de grande parte desses processos de afastamento, mas nem a PM, nem a PGE, ou mesmo o comando do Corpo de Bombeiros querem saber do caso. Resta ao governador dar o encaminhamento e a solução que cada caso requer. Afinal de contas, promessa é dívida.