No festival de elogios da oposição ao governo Helder Barbalho, Marinor Brito se superou, mas Cilene Couto, líder do governo na Casa, salvou a verdade ao admitir que vacinas contra a Covid-19 são enviadas pelo governo federal, cabendo ao Estado operacionalizar a programação. Helder deixou a casa embevecido/Divulgação.
 

O governador Helder Barbalho ficou tão, tão, mas tão embevecido com os cansativos elogios que recebeu do que seria a oposição na Assembleia Legislativa, hoje, que abriu mão de 20 minutos de fala a que teria direito em tempos normais de temperatura e pressão para contrapor a fala de oponentes que não existem – quer dizer, que existem, existem, mas estão encobertos pela desfaçatez. O puxassaquismo, com o perdão da palavra – que o corretor aqui na orelha da coluna chama de neologismo – foi tão flagrante e ridículo que a “oposição” elogiou o governador mais que a situação. É a tal simbiose política.

“Pra não dizer que não falei”…

Observadores que acompanharam a sessão via internet viram Marinor Brito, companheira velha de guerra da esquerda em remotos tempos e hoje abrigada no Psol puxar o cordão – perdão -, falar em nome da oposição durante a abertura dos trabalhos da Casa.  A sensação era a de se estar ouvindo uma fala da situação, tal a defesa do governo Helder Barbalho. No máximo, a deputada do Psol criticou o Estado pelo “feminicídio”, ainda assim com muita cautela, quase inocentando o governo. Além disso, nenhum “ai” sobre corrupção, muito menos sobre a violência no campo e nas cidades ou sobre a descarada falta de transparência do governo com o distinto público. Todos os males foram depositados na conta única do governo Bolsonaro, o que sempre cai bem, saindo da oposição, para Helder Barbalho.

Caveira sem direito à voz

Para encerrar, acredite, a deputada Marinor Brito – quem te viu? – puxou aplausos para o governador Helder Barbalho por garantir vacinas aos paraenses – esquecendo ela, como diria a vovó Rosa, que as vacinas são pagas e mandadas para o Estado pelo governo federal. No meio desse pitiú, aliás, o deputado Caveira pedia a palavra, mas foi barrado pelo presidente Francisco Melo Chicão empunhando o Estatuto da Casa. Restou a Caveira falar pelos cantos, quer dizer, gravar lives no meio da sessão esbravejando quanto à censura da sua “cavernosa” no parlamento. No apocalipse zumbi da Alepa, caveira não fala.

Assassinato passa em branco

De tanto elogio ao governador Helder Barbalho, a deputada Marinor Brito, mesmo quando falava em nome da oposição, sequer registrou o cruel assassinato, em São Félix do Xingu, do casal de ambientalistas e a filha adolescente José Gomes, conhecido como Zé do Lago, a mulher Márcia Nunes Lisboa e a filha Joene Nunes Lisboa. O crime repercutiu no Brasil e no mundo, mas, pelo jeito, a Marinor do Psol não viu nada demais nisso – nem ela, nem o deputado Carlos “Metidão” Bordalo.

“Falem mal, mas falem de mim”…

Por pouco, mas por muito pouco mesmo, a oposição não tirou de sua excelência o direito de elogiar o próprio governo – ou o direito de proferir aquele jargão segundo o qual “falem mal, mas falem de mim”. Por mais de uma hora, Helder deitou e rolou, desfilando realizações, nenhum para chamar de sua. No máximo, pontuou a Usina da Paz, inaugurada no final do ano passado com dinheiro da mineradora Vale – essa não vale -, e não qual o governo entrou com a placa inaugural, as empresas de segurança apontadas a dedo pela Casa Civil e apadrinhados. O Hospital da Mulher e o PSM do Bengui ainda estão em obras.

Para variar, claro, foram citados com destaques os estádios do Mangueirão e o Colosso do Tapajós, em Santarém, que passam por reformas a custos de R$ 300 milhões.

A verdade também importa

De toda a verborragia derramada no plenário da Assembleia Legislativa do Pará na sessão de hoje, uma chamou a atenção: a deputada Cilene Couto, da banda do PSDB levada pelo deputado Nilson Pinto para a base do governo Helder Barbalho, falou dessa vez como das falara em vezes e governos anteriores, mas foi mais verdadeira que Marinor Brito: elogiou e até parabenizou o governador do Estado pelas vacinas, mas, como líder do governo, reconheceu que os imunizantes foram enviados pelo governo federal, cabendo ao governo do Estado tão somente mandar para os municípios. Verdades importam.

Papo Reto

Divulgação
  • Diretores seccionais e conselheiros federais participaram da sessão do Colégio Eleitoral, em Brasília, que elegeu a nova diretoria do Conselho Federal, presidida pelo conselheiro federal da OAB pelo Amazonas, o advogado Beto Simonetti (foto).
  • Pela OAB-PA votaram os conselheiros federais Alberto Campos, Cristina Lourenço e Jader Kahwage. O presidente Eduardo Imbiriba, a vice-presidente Luciana Gluck Paul, o secretário-geral, Afonso Lobato, e a secretária-geral adjunta e corregedora, Claudiovany Teixeira participaram do evento.
  • O Igeprev publicou a lista com os nomes dos beneficiários que constam com documentos pendentes no censo previdenciário. O prazo para a entrega dos documentos termina no dia 8 de março.
  • Até a última segunda-feira, 34.014 beneficiários já haviam comparecido ao censo previdenciário. Por outro lado, 12.041 segurados ainda continuam ausentes.
  • Governo federal vai destinar bens de traficantes em benfeitorias para centros de atendimento a dependentes químicos, segundo informações da Damares Alves.
  • O BNDES e o Banco Mundial assinaram acordo para agenda climática que prevê a organização de workshops sobre mercados regulado e voluntário de carbono, que é quando um empreendedor que emite gás carbônico financia ações compensatórias.
  • Com a crise no transporte marítimo,  o envio internacional de cargas por avião bate recorde. 
  • A Agência Nacional de Telecomunicações aprovou compra da Oi Móvel pelo pool integrado pela Vivo, Tim e Claro.
  • A agência vai acompanhar os usuários da Oi Móvel na migração para as operadoras concorrentes. Desde 2016, a Oi está em recuperação judicial.