“Cabeça de burro é pouco”: parece que as 5 mil cabeças de boi enterradas no fundo do Porto de Vila do Conde, em Barcarena, estão conspirando contra a operação de reflutuação dos escombros do navio “Aidar”, que afundou há quase sete anos. O trabalho é conduzido por empresa contratada pelo Dnit, com acompanhamento da Companhia Docas do Pará e supervisão do Conselho da Autoridade Portuária. Além dos problemas ambientais pertinentes ao caso – durante o naufrágio houve vazamento de 700 toneladas de óleo que contaminou seriamente diversos rios da região -, as tentativas frustradas de soltura da embarcação do fundo do rio Pará ultrapassaram todas as previsões, chegando ao ponto de engolir até o prazo do contrato com o Dnit.
Peso fica mais que dobrado
A suspensão dos serviços por força de ações determinadas por órgãos ambientais do Estado, ou pelo fim do contrato do Dnit com a empresa encarregada pela operação sempre foi contornável, desde o início do trabalho, ano passado. O problema está no fundo do rio, na falta de equipamentos de ponta para a operação e de recursos para serem disponibilizados a tempo e a hora, sempre que a operação exigir. O que se sabe é que todas as tentativas de vedar o casco da embarcação – o chamado tamponamento – não deram resultado: o interior da embarcação recebeu muita areia e o peso ficou insustentável. Vejam o vídeo.
“Por partes”, como diria Jack
Novas tentativas de reflutuação ficaram de ser retomadas ontem, mas, apesar das boas expectativas dos engenheiros que participam da operação, há outra dificuldade pela frente: a popa do “Aidar” está presa em talude do porto, o que remete, em caso de insucesso, à única solução possível para desobstruir um trecho do porto comprometido desde que a embarcação afundou: o “Aidar” terá que ser esquartejado e retirado do fundo em partes – como diria “Jack, o estripador”.