Tanto no conto de Lygia Fagundes Teles quanto no filme “O fabuloso destino de Amélie Poulain”, a figura do anão dá asas à imaginação, e em Belém remete ao display produzido por anônimo em papelão que povoa os abundantes buracos das ruas da cidade, onde o prefeito não pisa, preferindo acumular milhas aéreas mundo afora.
Por Olavo Dutra
Em “Anão de Jardim”, conto de Lygia Fagundes Telles, Kobold, um anão de pedra, aguarda a demolição da casa em cujo jardim conheceu a plenitude de sua existência fútil. Abandonado no caramanchão junto a um violoncelo quebrado observa o trabalho dos operários, enquanto relembra os fatos e personagens de sua existência estática.
Desde os contos de fadas, anões de jardim são personagens que habitam nosso imaginário.
Quem assistiu ao filme “O fabuloso destino de Amélie Poulain” lembra que a protagonista rouba um dos anões do jardim de seu pai e o leva a passear pela Europa, enviando fotos de todos os lugares por onde passavam, com o objetivo de convencer o pai a aproveitar mais a vida.
Sem a tradição dos anões de jardim que proliferaram na Europa, Belém está vendo agora um outro ser inanimado viajando de rua em rua, fotografado e exposto em mensagens de WhatsApp e Telegram.
Nosso prefeito viajante
Trata-se do viajante prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, alvo de uma bem humorada crítica feita por um internauta anônimo que produziu um display em papelão em tamanho real que é colocado em buracos da cidade e fotografado. A foto mostra Edmilson a caráter, de paletó e gravata, sorridente como o anão de pedra de Amélie Poulain. Imagina-se que como a abundância de buracos seria antieconômico fazer um display para cada um deles e a criatividade então precisou se impor. O autor da pilhéria ainda é desconhecido.
Buracos jamais visitados
Enquanto Edmilson de papelão viaja de buraco em buraco evitando a água como um gato escaldado, o verdadeiro não pisa na lama, flana por sobre os problemas e acumula milhagens. Cidade do México, Bogotá, Lisboa, Barcelona são destinos internacionais que se somam a incontáveis idas a São Paulo e Brasília, como a inexplicável viagem para “prestigiar” (sic) a diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito, sempre na companhia da nova namorada, Nayra da Cunha Rossy Santos, que ocupa cargo de confiança na Prefeitura de Belém, nomeada pelo próprio alcaide.
Aversão ao distinto público
Os anões, também entendidos como gnomos, foram descritos pela primeira vez como criaturas mágicas no Renascimento pelo alquimista suíço Paracelso como “figuras diminutas (com) duas medidas de altura que não gostavam de se misturar aos humanos”. Cultivador de uma ausência planejada – ir para Barcelona quando as chuvas se tornaram mais intensas na cidade é apenas um exemplo -, Edmilson tornou-se um personagem avesso a atividades públicas sobre as quais não tenha absoluto controle, mantido por equipes precursoras e por uma segurança hostil ao público. Isso não impede que o povo fure o bloqueio e o encontre em eventos como a inauguração da Usi-Paz da Terra Firme, forçando-o a ouvir uma sonora vaia justamente no bairro onde venceu o pleito com margem mais larga.
Recolhido à bolha ideológica
Como Kobold, o gnomo de Lygia Fagundes Telles, Edmilson aguarda a demolição da autoimagem que edificou no isolamento de uma obscura bolha ideológica, que o preserva de críticas e o afasta da realidade – sua administração caótica, incompetente e pretensiosa, que se mantém em pé protegida e financiada até aqui por uma oligarquia política que sempre criticou com veemência e deselegância.
Abandonado ao caramanchão
O alcaide reza, entre uma conexão e outra, para que Barbalho e Lula, alvos de seus ataques no passado recente, salvem sua trajetória de afundar no buraco, destino até aqui do Edmilson de papelão. Seguindo assim ficará abandonado no caramanchão, como Kobold, observando o trabalho dos muitos adversários enquanto relembra os fatos e personagens de sua existência fugidia.
Papo Reto
- Se há dois órgãos federais para onde o reitor da UFPA, professor Emanuel Tourinho, pode ser escalado são o Inpe e o CNPq, porque a Fadesp ele já comanda.
- O vereador de Belém que botou o dedo no suspiro – pelo menos por enquanto – do projeto de Edmilson Rodrigues que prevê reduzir o valor das RPVs foi Igor Andrade, não Igor Normando, como saiu aqui.
- A Semob não sinalizou decentemente a travessa Apinagés, a partir da rua São Miguel. Alguns moradores da área entendem que a rua passou a ter dois sentidos e temem acidentes a qualquer momento.
- Desativado, o Aeroporto Bragança está fazendo falta, especialmente para os empresários da pesca e em situações emergência, como casos de saúde.
- O aeroporto serviu de apoio durante a Segunda Guerra Mundial, já teve destacamento da Força Aérea Brasileira e até linha regular de companhias de aviação.
- Em se falando de covid-19, ninguém discute mais o fato de que a prática regular do exercício físico atua como verdadeiro modulador do sistema imunológico, de forma a estruturar, progressivamente, a resposta fisiológica à minimização do dano.
- A repentina morte do jogador Marcelo Lemos, ex-atacante de Remo, Paysandu e Tuna, durante partida de futebol pelada em São Paulo, no último sábado, a exemplo do que vem ocorrendo com outros atletas pelo mundo.
- A tragédia remete à notícia, até o momento não desmentida, de que a gigante Pfizer estaria aconselhando a quem tomou suas vacinas uma “diminuição de atividades físicas”.
- Associe-se o fato de que o FDA, a Anvisa americana, ter confirmado que sim, a vacina Pfyzer pode causar coagulação sanguínea.
- Pelo sim, pelo não, para quem tomou qualquer das vacinas muitos médicos vêm recomendando e prescrevendo o exame de dímero D, cuja dosagem pode diagnosticar a produção de coágulos no sangue humano.