Exportações de madeira
do Pará estão em alta
Olavo Dutra
Com Rafael Sobral
Domingo, 16 de maio de 2021
Recuperação é atribuída principalmente ao aquecimento dos principais mercados importadores do Pará, o americano e o europeu. Entre os produtos exportados, o destaque ficou por conta da madeira perfilada, que são itens como decks, pisos, tacos e frisos.
As exportações de madeira do Pará apresentaram alta no primeiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado. O balanço foi divulgado pela Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), com base em dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, e registrou aumento de 4,93% no valor e 10,48% no peso exportado.
De janeiro a março deste ano, as exportações movimentaram US$ 54,6 milhões e mais de 60 mil toneladas de madeira. O produto continua sendo o quarto principal na pauta de exportações do Pará, atrás do minério, grãos e pecuária. A leve recuperação é atribuída principalmente ao reaquecimento dos mercados norte-americano e europeu, que voltam a se movimentar após o avanço da vacinação contra a Covid-19.
Mas, para o consultor técnico da Aimex, Guilherme Carvalho, outro dado também chama a atenção: o aumento da exportação de produtos acabados em contrapartida à madeira bruta. Nesse mesmo período, o principal item de exportação foi a chamada madeira perfilada – pisos, decks, tacos e frisos -, considerada um produto com alto valor agregado.
Sozinho, o item respondeu por quase 70% do valor exportado, ou seja, US$ 37,2 milhões dos cerca de US$ 54 milhões movimentados nos três primeiros meses do ano.
Na visão do diretor da Aimex, esses dados refletem o trabalho que o setor florestal de base madeireira vem fazendo ao longo dos últimos anos. “A gente diz que o setor madeireiro fez o seu dever de casa, investiu em máquinas e equipamentos, qualificou mão de obra e, hoje, produz produtos finais com qualidade mundial, uma vez que são voltados para exportação”, pontua.
Produto final – A produção e exportação de matéria-prima sempre foram uma realidade na atividade econômica na Amazônia. No entanto, há mais de 30 anos, o setor produtivo de base florestal vem se empenhando para agregar, cada vez mais, valor a essa matéria-prima e, assim, aumentar a geração de emprego e a lucratividade dos produtos paraenses.
Ainda na década de 1980, em uma ação inédita, a Aimex encabeçou um movimento em nível nacional para proibir a comercialização da madeira em tora oriunda de florestas nativas. O movimento deu certo e, em 1989, uma resolução do Conselho Nacional do Comércio proibiu a exportação. Atualmente, esse item só é permitido se tiver como origem áreas reflorestadas.
Eduardo Leão, atual diretor executivo da Aimex, reforça a ideia de que quando mais se agrega valor e beneficia produtos no próprio Estado, mais emprego e renda são gerados. “Essa é uma frase clichê, mas não menos verdadeira: quando você exporta matéria-prima, você também exporta empregos. E o contrário também é verdadeiro, quanto mais valor agregado, mais beneficiamento de produtos, maior o retorno econômico e social, com a geração de empregos. Hoje, o setor florestal pode ser considerado um exemplo nessa pauta”, defende Leão.
Atualmente, estima-se que o setor florestal paraense emprega cerca de 30 mil pessoas, entre diretas e indiretas, com uma curva acentuada no beneficiamento da matéria-prima madeireira. Na década de 1970, cerca de 60% da madeira exportada pelo Pará era madeira bruta, ou seja, a mesma árvore que era retirada da floresta, era embarcada no porão dos navios e enviada para fora do Brasil.
Hoje, a realidade é exatamente oposta. Mais de 80% da matéria-prima passa por, pelo menos, algum processo de beneficiamento e cerca de 44% são transformados em produtos com alto valor agregado. Dos antigos 60% de madeira em tora exportada, resta, atualmente, pouco mais de 17%, todos oriundos de reflorestamento.
E a diferença salta aos olhos: em 1973, foram comercializados cerca de 710 mil m³ de madeira, com um valor médio de US$ 44 por m³. Em 2020, pouco mais de 210 mil m³ foram exportados, movimentando um valor de mais de US$ 210 milhões ou US$ 979 por m³. “Esses resultados são positivos, mostram que há um empenho do setor madeireiro de gerar emprego e renda no Pará, ao mesmo tempo em que construímos uma indústria robusta, com alta tecnologia empregada e mão de obra especializada. Esse esforço precisa ser considerado e respeitado”, reforça o diretor executivo da Aimex, Eduardo Leão.