Por Olavo Dutra | Colaboradores
Em janeiro de 2015, em depoimento à Polícia Civil no município de Acará, o indígena Paretê Tembé anunciava a que veio, seguindo os passos do pai: roubava veículos e maquinários da empresa Biopalma como forma de forçar um acordo financeiro em benefício próprio.
Paratê Tembé, 29 anos de idade, filho de Lúcio Tembé, tem o crime nas veias. É um terrorista do campo e leva uma vida de luxo e riqueza.
Lúcio Tembé, o pai, responde a dezenas de processos desde a década de 1970 por crimes relacionados a invasões, roubo e receptação de veículos, interdito proibitório, incêndios criminosos, organização criminosa e pedido de prisão preventiva. Paratê, o filho nascido em 1994, em Tomé-Açu, herdou o legado do pai. Usa e abusa do status de indígena e de suposta proteção e segue tocando o terror na região.
O primeiro registro encontrado sobre seus atos criminosos é datado de 7 de janeiro de 2015. Em depoimento à Delegacia de Polícia do Acará, Paratê afirma que roubava veículos e maquinários da antiga empresa Biopalma-Vale como forma de forçar um acordo financeiro em benefício próprio.
Em dezembro do mesmo ano, conforme registro em auto de reintegração de posse e auto de citação, novamente Paratê Tembé faz ameaças perante um oficial de Justiça, afirmando que iria bloquear acessos às fazendas, inviabilizar o trabalho, subtrair veículos e levar os funcionários da equipe de segurança para a aldeia e queimá-los vivos, juntamente com os veículos da frota da empresa .
Empresa cede às ameaças
Diante de tantos crimes e violência, após as exigências e ameaças de Paratê Tembé, o filho, e do pai, Lúcio Tembé, a Biopalma cedeu aos acordos financeiros para poder continuar suas operações. Começava ali uma história de ameaças e crimes contra o patrimônio da empresa e à vida dos trabalhadores e moradores que residem no Acará e em Tomé-Açu, e que se tornou mais crítica a partir do final de 2020.
Em novembro de 2020, a Brasil BioFuels (BBF), empresa que atua no setor de biocombustíveis e geração de energia renovável, adquiriu os ativos da antiga Biopalma no Pará. Desde então, a empresa deu sequência aos termos de cooperação e compromisso firmados com as comunidades tradicionais, dentre elas a Associação Indígena Tembé de
Tomé-Açu (Aittta), da qual Paratê Tembé é presidente.
Insaciável sede de poder
Entre abril e agosto de 2021, sob a liderança de Paratê Tembé, indígenas começaram a invadir constantemente as fazendas da BBF, obstruindo áreas da empresa para a prática do furto de frutos de dendê, com o objetivo de majorar os valores do compromisso recém-assinado. Para aumentar seu patrimônio, Paratê Tembé exigiu alta quantia depositada
diretamente em sua conta bancária, em parcela única e imediata. Os presidentes das outras associações que faziam parte do mesmo termo de cooperação só souberam disso meses depois. Tal ação culminou em um segundo aditivo do termo de cooperação para que fosse preservada a segurança dos trabalhadores rurais da empresa e das áreas de plantio e preservação ambiental.
Em novembro de 2021, em audiência virtual com representantes do Ministério Público Federal, Paratê Tembé, em tom agressivo, anunciou à empresa que o termo de cooperação estava rompido, porque o interesse dos indígenas, daquele momento em diante, era nos frutos do dendê e seu alto preço no mercado, e que eles eram indígenas, mas não bobos, e iriam se apropriar de todo dendê que pudessem vender. E assim, tudo que Paratê Tembé prometeu desde aquela data vem cumprindo.
Vítima que o mundo vê
Há mais de uma centena de boletins de ocorrência registrados pela empresa BBF que detalham o envolvimento de Paratê e o seu grupo criminoso em invasões de terras, incêndios criminosos, agressões contra trabalhadores, roubos, furtos, desmatamento de floresta nativa, entre outros.
Um dos episódios mais violentos ocorreu em 21 de abril de 2022, na sede da Fazenda Vera Cruz, em Tomé-Açu. A propriedade foi inteiramente destruída pelo fogo, ateado por indígenas e quilombolas, que se juntaram a mando de Paratê Tembé para promover uma espécie de retaliação contra a atuação da empresa. No dia anterior, a BBF interceptara sete caminhões transportando cerca de 15 toneladas de fruto de dendê cada um, roubados de uma das fazendas invadidas, os quais foram encaminhados à Delegacia de Polícia na época.
A destruição das instalações foi de uma crueldade e vandalismo difíceis de se encontrar, mas ainda pior foi a destruição pelo fogo de três ônibus que transportavam colaboradores rurais, os quais tiveram pouco tempo para escapar dos veículos sob ameaça de serem queimados vivos. Paratê Tembé aparece horas depois em reunião com seus advogados utilizando a mesma vestimenta usada durante o ataque para tentar se colocar no papel de vítima e divulgar falsas informações à imprensa regional e Ongs internacionais.
A esse fato seguiu-se mais uma invasão à sede da Fazenda Vera Cruz, desta vez no dia 29 de novembro. Um grupo liderado por Paratê Tembé ateou fogo em pneus e tratores da empresa, instaurando novamente o clima de caos no local, como noticiado pela mídia na data.
Trabalhador queimado vivo
Em uma das invasões mais recentes, em 28 de dezembro de 2022, Edivaldo Tembé, parceiro de Paratê Tembé, foi apontado como líder da invasão em fazenda da BBF onde um funcionário da empresa teve seu corpo incendiado por criminosos. Amplamente noticiado pela mídia, o funcionário teve 60% do corpo com queimaduras de 1º e 2º grau e
encontra-se ainda em recuperação na UTI do Hospital Adventista, de Belém. Paratê Tembé enviou nota à imprensa na época tentando mentir sobre a participação de indígenas Tembé na invasão, mas é possível ver imagens de Edivaldo Tembé no local – com coordenadas geográficas – assim como postagens nas redes sociais de Paratê Tembé que comprovam sua relação de proximidade com Edivaldo Tembé.