Em vídeo publicado em uma rede social, Paretê Tembé aparece com amigos em uma suposta propriedade particular, em que exibe um dos brinquedos de sua referência – uma pistola .40 que sempre conserva ao alcance da mão, como homem de negócios e bem sucedido/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

Em 2018, Paretê Tembé se lançou candidato a deputado estadual. Não passou, o que não o impediu de dar um salto triplo mortal carpado, com empresas e estilo de vida que não condiz com o das comunidades vizinhas. Exibindo-se como homem de negócios, hoje ostenta luxo, riqueza e poder.  

As invasões lideradas por Paratê Tembé são compactuadas com a atuação ilegal de empresas receptadoras de frutos de dendê, que compram a produção subtraída – furtada ou roubada – pelos indígenas para a fabricação de “óleo de palma”, commodity que teve forte alta nos preços no mercado nacional e internacional. Configura, na prática, uma perigosa teia do crime envolvendo indígenas, quilombolas e empresas receptadoras da região, que atuam livremente no crime organizado sob a proteção de políticos locais e da inércia dos órgãos de segurança.

As invasões promovidas por indígenas inauguraram também a prática de outros crimes perigosos na região do Acará e Tomé-Açu, como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A violência se alastrou e impregnou as comunidades onde o crime organizado se instalou, com a participação de integrantes do Comando Vermelho, segundo descrito pela própria Polícia Militar, em virtude da ocorrência do dia 6 de janeiro.

Tráfico consome região

Próximo a uma das fazendas da BBF, em Acará, a Polícia Militar encontrou um ponto de tráfico de drogas, confronto no qual três criminosos vieram a óbito um deles apontado como parceiro de Adenísio Portilho, outro braço direito de Paratê Tembé nas invasões de terras da BBF. O caos e a insegurança afetam moradores e trabalhadores na região, que dependem do seu trabalho para o sustento de suas famílias. A invasão de terras leva o crime organizado para a região, que por sua vez leva ao aumento do uso de drogas e de homicídios.

Agressor de mulheres

Paratê Tembé, além de todos os crimes relatados, é um agressor de mulheres. Em 11 de novembro de 2020, Paratê Tembé agrediu sua ex-esposa (L.S.P.), que desde então vive sob medida protetiva de urgência, segundo a Lei Maria da Penha (Processo 0007329- 74.2020.814.5150).

Paratê Tembé e sua atual companheira, Julianne Pereira, são sócios de duas empresas que têm o cultivo de dendê como atividade econômica. Nem Paratê, nem Julianne possuem um único hectare de plantio. As empresas JP Tembé Ltda (CNP 44.091.789/0001-09) e Palma Brasil Ltda. (CNP 45.835.561/0001-49) também chamam a atenção pelo valor e forma de integralização do capital social: R$ 800 mil.

Luxo, dinheiro e ostentação

Paratê Tembé foi candidato a deputado estadual nas Eleições de 2018 e declarou, na época, não possuir bens (Registro Público verificável na página do Tribunal Superior Eleitoral). Mesmo perdendo as eleições, em quatro anos Paratê Tembé conseguiu uma extraordinária evolução patrimonial, continuando a se identificar como agricultor e presidente de associação indígena, saindo de “zero” para um vasto patrimônio.

Em suas páginas em redes sociais, principalmente no Instagram, é notória a ostentação de Paratê Tembé, dono de um padrão socioeconômico fora da realidade da maioria da população local e da totalidade dos membros de comunidades tradicionais, que possuem uma vida muito simples.

Dodge Ram, Jaguar e motos

Na região de Acará, uma das mais carentes do Estado, Paratê Tembé desfila em carros de luxo – Dodge Ram de placas QVS5B45 -, Toyota SW4, motos caríssimas e, não faz empo, comprou caminhões. Sua preferência, porém, é um seu Jaguar Pace e uma casa residencial de alto padrão.

Em outro vídeo, Paratê aparece em uma de suas casas reunido com amigos. A câmera passeia e mostra um dos seus veículos de luxo. Segundos depois, Paratê aparece à mesa tendo à sua frente uma pistola automática .40 e um prato… – bem diferente da imagem que a imprensa e Ongs divulgam, tentando mostrar um indígena simples e do bem.

Imagens refletem influência

A vida de luxo de Paratê Tembé fica evidente em seus relacionamentos, registrados em imagens de encontros com políticos em Tomé-Açu em eventos de empresas da região. De homem simples, bonzinho e defensor da natureza, Paratê Tembé não tem nada. O que se vê é um jovem, apoiado por políticos, que invade terras, age com violência e enriquece de forma ilícita.

Ao que tudo indica, a máscara que Paratê Tembé usa para posar de indígena defensor de seu povo está caindo lentamente, principalmente em razão de sua ganância e da violência com que trata todos que não se dobram ao seu modo de vida duvidoso – e pela distância cada vez maior entre o seu padrão de vida luxuoso e debochado e o padrão de vida dos demais moradores de sua comunidade, que não estão enriquecendo pelo crime e possuem um estilo de vida simples e modesto.

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