Se alguém na história da República brasileira jamais se viu entre a queda e o coice – ou entre a cruz e a caldeirinha, como queiram -, esse alguém atende pelo nome de Silvinei Marques, que vem a ser diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal. Desde as primeiras horas do dia de hoje, Silvinei acumula dívida de R$ 1.666,67 por minuto enquanto durarem os bloqueios de rodovias federais iniciados logo após o anúncio da derrota do presidente Jair Bolsonaro para Luís Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições presidenciais.
Tiro de canhão
Só no Pará, ao menos duas rodovias foram bloqueadas – BR-010, em Dom Eliseu e Santarém Cuiabá, em Moraes de Almeida, Novo Progresso e Trairão – e seguem na mesma situação. A multa pessoal por hora de bloqueio contra o diretor-geral da PRF é de R$ 100 mil e foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
O tiro de canhão atende pela necessidade de ‘cortar o mal pela raiz’, como se diz no português claro, pois, além da multa, Silvinei Marques, que mandou fazer blitz no nordeste um dia antes das eleições, corre o risco de ser preso, exonerado do cargo e alvo de investigações internas.
Ação policial
Nas redes sociais, desde ontem, vídeos têm mostrado policiais militares em áreas urbanas recomendando a manifestantes que resistam por 72 horas, tempo em que, supostamente, o presidente Bolsonaro irá se manifestar sobre o movimento. Via de regra, esses policiais recomendam protesto ‘sem violência e ordeiros’, o que faz sentido, menos acreditar que o presidente precisaria de 72 horas para se manifestar.
Fala presidente
O que se diz nas rodovias federais, como a BR-10, em Dom Eliseu e Itinga, por exemplo, é que os manifestantes aguardam de fato a fala do presidente que, se pedir, esvaziará o movimento imediatamente, livrando o bolso do diretor-geral da PRF, Silvinei Marques que, a esta altura do campeonato já deve perto de R$ 1 milhão em multas, a contar da primeira hora do dia da determinação do ministro do STF.