Pesquisadores se dizem aflitos com a inércia e a lentidão que caracterizam a atuação da gestão da Fundação de Apoio à Pesquisa, cujo conselho diretor é presidido pelo reitor Emanuel Tourinho, mesmo depois da pandemia/Fotos: Divulgação.

A atual gestão da Fundação de Apoio à Pesquisa (Fadesp) é um reflexo cristalino da gestão do presidente do seu Conselho Diretor,  o professor Emanuel Tourinho,  reitor da UFPA.  Professores e pesquisadores que dependem da Fundação para tocar seus projetos,  através da intermediação de providências técnicas, financeiras e administrativas  estão aflitos  com a inércia e lentidão que caracterizam a atuação da instituição neste pós-pandemia. O mais irônico: a Fadesp abocanha até 15% dos recursos financeiros captados por cada projeto,  mordida significativa que deveria corresponder a consideráveis doses de eficiência, agilidade e disponibilidade. 

Para se ter ideia,  a esta altura do avanço da vacinação,  o protocolo anti-Covid da Fundação equivale às mesmas precauções adotadas ainda no pico da pandemia,  no período 2021/2022: atendimento restrito,  visitas por agendamento e  home office em alguns casos. Por essas e outras é que professores alinhados a lideranças políticas bolsonaristas articulam em Brasília a alteração da legislação, quebrando a exclusividade desse tipo de Fundação para atender as demandas das universidades e institutos federais.

Em tempo: comentários que circulam no campus Guamá dão conta de que o reitor Emanuel Tourinho tem como certo que será ministro da Educação do governo Lula, o que o levaria a renunciar ao cargo de reitor para estabelecer residência em Brasília. Se não é piada de mau gosto contra o magnífico, parece.

Relatórios contrariam
rankingdo conhecimento na Universidade

A comunidade acadêmica da UFPA foi surpreendida, recentemente, com a estrondosa informação sobre a fantástica progressão da Universidade no ranking de centros internacionais de ensino superior. Subiu 75 posições como “produtora de conhecimentos” através de pesquisas científicas.  Ocorre que os relatórios a respeito da qualidade, importância e impacto social da produção científica disponíveis na universidade paraense evidenciam exatamente o contrário: baixos registros de patentes e controvertida produção intelectual nas áreas da educação e das ciências sociais. 

Tiro no pé

Em gestão do conhecimento, da ciência e da tecnologia, aliás, reside a deficiência, a incapacidade e, paradoxalmente, o motivo de orgulho dos dirigentes da UFPA, que parece ter compromisso sem foco com uma ciência e atira no que não vê – a população do Pará e suas reais necessidades. Quem acompanha a produção da UFPA nas áreas de exatas, biológicas e da saúde constata quão distante se está das universidades brasileiras respeitadas internacionalmente, como USP, Unicamp, UFRJ e UFMG. A Universidade vive a realidade de ser uma metralhadora científica gastando muita munição sem acertar os alvos, senão o próprio pé.

Procuram-se resultados

Não menos surpreendente neste início de temporada de caça ao voto no ambiente universitário foi a decisão doo IFCH de paralisar as aulas e atividades acadêmicas atendendo pedido dos centros acadêmicos devido à greve dos trabalhadores rodoviários. É que, pensando academicamente, considera-se um desprezo ao tempo vivido e aos aprendizados obtidos durante a pandemia não utilizar o ensino remoto como alternativa viável para, durante greves ou qualquer outra comoção social administrável pelos dirigentes da universidade, dar sequenciamento normal e vez de não interromper o semestre acadêmico. Afinal, ciência e universidade estão compromissadas com a contemporaneidade, exigindo resultados reais e concretos.