Em Santarém, longe dos holofotes, deputado Fábio Freitas, do PRB, faz discurso para servidores da Emater, chama concursados de “velhinhos”, ameaça “quem não quer trabalhar” com demissão e, ao final, promete a glória/Divulgação

Semanas antes da exoneração da presidente-obreira da Emater, Lana Reis, o deputado estadual Fábio Freitas, do PRB, esteve em Santarém, quando, para surpresa geral, inclusive da vasta comitiva que o acompanhava, fez um discurso como se presidente da Emater fosse. Ora ufanístico, ora ameaçador, o parlamentar discorreu sobre os “avanços” que, em quatro meses, teria agregado à gestão da empresa de assistência técnica. Não se esqueceu de apontar o dedo para aqueles a quem chamou de “velhinhos” – os concursados de longa data da empresa -, ao defender ardorosamente um plano de demissão voluntária para o qual disse ter conseguido aporte de R$ 12 milhões junto ao governador Helder Barbalho.

Se não é assédio parece

 “Está cheio de gente lá fora doida pra trabalhar”, disse o deputado na fala que mais cheirou a assédio moral (áudio em poder da coluna). “Avisem aos outros servidores que têm que trabalhar, porque quem não quiser trabalhar a gente vai mandar embora, pode ter o concurso que tiver” – ameaçou. Em dado momento, Fábio Freitas tentou aguçar o interesse dos servidores a caírem de corpo e alma no projeto universal: “Vai querer morrer com esse salarinho de concursado?”. “Trabalhem mais, estudem, ajudem prefeitos e vereadores que a fama de vocês vai chegar aos meus ouvidos e eu vou promover quem merece.” 

Quando não falta modéstia

Modesto que só ele, como diz o caboclo de Santarém, Fábio Freitas deu o caminho das pedras aos atônitos ouvintes: “Eu cheguei até aqui sem a ajuda de vocês, mas agora vou ter 100 mil votos e em 2026 serei candidato ao Senado. Imaginem a gente pegando um Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), uma Sedap (Secretaria) ou quem sabe uma Adepará (Agência Agropecuária)?” Em nome do deputado federal Vavá Martins, também do PRB, Fábio disse que todos precisam ajudá-los a executar o “orçamento de R$ 36 milhões” (emendas) e que o partido estará cada vez mais forte com a ajuda de todos.

Quem assumirá o latifúndio?

O que mais se ouve nas últimas horas é que a Emater trocará novamente de comando, havendo quem aposte que o compromisso que o PRB tem com a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro e as alopradas declarações de Fábio Freitas acabaram aborrecendo o governador, conduzindo o partido a uma condição periférica nos planos do MDB. Diz-se ainda que Helder Barbalho estaria propenso a ceder o comando da empresa de assistência técnica ao PT, que a vinha reivindicando nos bastidores.