Apesar de o governo Helder Barbalho propagandear avanços na Segurança Pública, há fatos que nem o marketing consegue explicar. Um deles é o vertiginoso crescimento da facção criminosa Comando Vermelho por todo o Pará, dentro e fora das unidades prisionais, constituindo-se hoje na mais estruturada e atuante no Estado.
Essa poderosa “empresa” foi responsável pela morte de três policiais penais em 2020; em 2021, assassinou oito servidores da Secretaria de de Administração Penitenciária e feriu dez policiais penais; neste ano, a conta está em três policiais penais mortos e um ferido – sem contar o assassinato de outros agentes da segurança pública.
A sentença do juiz Líbio Araújo Moura, da Vara de Combate ao Crime Organizado, proferida no último dia 12, condenando cinco integrantes do CV à pena máxima de 22 anos de prisão, dá a dimensão do crescimento e expansão da facção no Estado. A sentença foi baseada em denúncia do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado, o Gaeco, a partir de inquéritos da Polícia Civil.
Os réus participavam do grupo de WhatsApp “Futebol”, utilizado para o planejamento dos crimes. Pelo aplicativo de mensagens, segundo a sentença, os membros do CV debatiam e combinavam a execução dos crimes e os alvos. As investigações identificaram a estrutura do CV, com cargos e funções de confiança delineados para constituição de uma gerência “empresarial” dos negócios ilícitos, além de vários cargos individuais e outros que se encontram distribuídos em órgãos colegiados, todos atuando em conjunto.
As operações do Gaeco
Com toda essa organização empresarial, o CV ainda conta com o apoio de advogados, segundo acusação do Gaeco. Em operações denominadas de “Pombo I” e “Pombo II” foram presos advogados que atuavam como “mensageiros”, ao se utilizarem das prerrogativas do exercício da advocacia entre os faccionados presos e os soltos, repassando as informações obtidas durante as visitas realizadas em estabelecimentos prisionais.
Durante as investigações e após deferimento judicial de pedido do Gaeco, foram cumpridos mandados de busca e apreensão que resultaram na apreensão de bilhetes manuscritos e aparelhos eletrônicos, dentre os quais um relógio Smartwatch pertencente a um dos advogados utilizado para gravar as mensagens durante as visitas.
Novos filiados a cada dia
De acordo com o MP, os bilhetes manuscritos eram destinados a integrantes da facção, dentre eles David Palheta Pinheiro “Bolacha”, tesoureiro do CV, e Leonardo Costa Araújo “L-41”, presidente do CV no Pará, ambos foragidos da Justiça.
A Seap já enviou mais de 40 presos do Pará para presídios federais como forma de impedir as ações do CV, porém, as principais lideranças continuam soltas, supostamente escondidos no Rio de Janeiro, onde contam com o apoio e proteção do CV local.
O avanço do CV no Pará, diariamente arregimentando novos integrantes para as suas fileiras, põe em xeque a política de segurança publica do governo do Estado, que se cala ou minimiza, em sua propaganda oficial, sobre os efeitos da atuação da facção.