Presente em praticamente todos os municípios, a atividade segue recebendo tratamento amador do governo do Estado/Agência Pará
Governo do Pará anda para trás
e atravanca área de piscicultura
Estado é o que mais forma profissionais na área de Engenharia de Pesca, mas o desempenho pífio da política para o setor atravanca o avanço da atividade, que explode Brasil afora.
Na década de 1980, o governo Pará, para incentivar e estimular o estabelecimento da piscicultura doou a produtores, através das estações de piscicultura, alevinos de espécies exóticas como a tilápia e o camarão gigante da Malásia, além de nativas, como tambaqui.
A medida tinha o selo do simples incentivo, necessária devido a pesca ser a principal fonte de proteína de pescado na época. A piscicultura era desconhecida nestas bandas. O Estado, através dessa política pública, também formou mão de obra especializada, o que proporcionou relativo desenvolvimento na atividade. Até as universidades acompanharam o movimento com a criação de cursos de graduação em Engenharia de Pesca.
O Pará é o Estado que mais forma esses profissionais da área no Brasil. Hoje, apesar da atividade de piscicultura estar presente em todos os municípios, continua recebendo tratamento amador, mantendo os pés fincados nas mesmas práticas da década de 1980.
O governo, através da Secretaria de Agricultura e Pesca chegou a emitir nota se vangloriando pela distribuição de 1 milhão de alevinos de tambaqui, além de fomentar a escavação de viveiros e doar tanques-rede, práticas que custam apenas 10% de um projeto de piscicultura. A política caolha promove subdesenvolvimento e gera desemprego estrutural. Os recém-formados ficam sem esperanças de emprego, enquanto Estados vizinhos regularizam a produção dos exóticos, espécies mais competitivas que as nativas.
No Ceará e no Tocantins, por exemplo, a produção de pangasius – panga – já foi regulamentada e começa a alimentar o mundo. A cadeia da piscicultura, lá, portanto, já tem segurança jurídica que apoiará a atração de investimentos para expansão e consolidação das cadeias produtivas. Ao Pará, a lerdeza.
A doença da “urina preta” manchou de vez a política de cultivo das espécies nativas, carro chefe do governo Helder Barbalho, já que poucas são as pisciculturas que possuem o monitoramento da necessária qualidade sanitária. Assim, o abastecimento de pescado continua a depender muito da pesca, que é de onde há o registro dos casos da síndrome. Além disso, hoje, a piscicultura no Estado não é capaz de suprir sequer o mercado interno, já que cada paraense, segundo IBGE, consome em média 15 kg de pescado por ano, atrás somente do Amazonense, que consome 20 kg.
Juntando a demanda alta, o ineficiente monitoramento e a duvidosa oferta da pesca, o consumidor paraense está desamparado no quesito saúde. Ainda bem que a doença não ganhou ares de epidemia, pois seria um desastre.
Quanto ao Plano Estadual de Pesca e Aquicultura, continua sem nenhuma perspectiva de lançamento e execução. O governo celebra o atraso da eficaz política com a simples doação de alevinos, tanques-rede e escavação de viveiros. É único no Brasil. Hélder Barbalho sequer aprendeu a “lição de casa” quando ministro da Pesca.