Atual procurador-chefe da Assembleia Legislativa e ex-auxiliar do governador Helder Barbalho na Prefeitura de Ananindeua, o advogado Carlos Jeha Khayath tem uma corrida de obstáculos pela frente para chegar ao desembargo através do Quinto Constitucional/Fotos: Agência Pará/Assembleia Legislativa.

Em terra onde a suposição de que “está tudo dominado” ganha contornos cada vez mais reais, a posição da Ordem dos Advogados do Brasil-Pará com relação à escolha da lista tríplice pelo chamado Quinto Constitucional para a vaga aberta com a aposentadoria do desembargador Milton Nobre no Tribunal de Justiça do Estado aparece com grandes chances de se encaixar na narrativa segundo a qual nem tudo é o que parece ser. Explica-se: a vaga é da OAB, portanto, o pole position, tido e havido como candidato do governador Helder Barbalho, advogado e atual procurador-chefe da Assembleia Legislativa, Carlos Khayath, não deve ser considerado como tal antes de passar pelo crivo da Ordem; muito pelo contrário: dependendo de alguns fatores, Khayath pode até não integrar a lista tríplice.

A prova de fogo

Advogados ouvidos pela coluna sobre a questão avaliam que a primeira prova de fogo é a escolha de seis, dos onze ou doze candidatos anunciados após votação da categoria, entre os quais Carlos Khayath não aparece necessariamente como candidato com densidade eleitoral capaz de lhe garantir entrada na lista entre os seis primeiros. É bom lembrar que é tradição na Ordem respeitar a vontade da classe e manter os seis mais votados na lista, alternando às vezes as posições segundo a votação pelo Conselho. E se Carlos Khayath não se colocar entre os seis mais votados deixará o Conselho em cheque para, digamos, “incluí-lo” na lista. Nesse caso, no mínimo, já não seria uma situação confortável para a OAB.

A faca e o queijo

Com relação a ser considerado suposto candidato do governador, outra observação vem à tona: é relativo o poder do chefe do Executivo para fazer de Carlos Khayath integrante da lista tríplice. Caberá ao Tribunal de Justiça, de posse dos seis nomes mais votados pela Ordem, escolher os três, tradicionalmente, também, mantendo os três mais votados entre os seis, para então encaminhar o resultado final ao governador do Estado. Esses dois passos iniciais vão ser os mais difíceis para Khayath. Se o Conselho da Ordem e o Pleno do Tribunal de Justiça quebrarem a tradição, pinçando Khayath do final das listas para o topo, Helder Barbalho estaria com a faca e o queijo na mão – e a pecha viraria peixada.

Laços de família

O que faz de Carlos Khayath o favorito do governador na corrida ao desembargo? Embora não apareça na lista dos “mais simpáticos” na categoria, o atual procurador-chefe da Alepa é considerado um profissional competente. Ex-deputado estadual e ex-deputado federal, Carlos Jeha Khayath é filho de Henry Checralla Khayth, falecido, ex-superintendente da Sudam. Foi amigo pessoal do atual senador Jader Barbalho, sendo considerado, no passado, o “cérebro” na construção do nome do então jovem político Jader Barbalho para concorrer e vencer as eleições de governador em 1982. Depois disso, para variar, é bom lembrar que Jader se afastou de Henry Kayath, sendo acusado como o grande responsável, na época, da saída dele da Sudam. Desde aí as relações entre eles não foi mais a mesma. Mas isso é uma história longa e da qual os antigos guardam todos os detalhes. Carlos Kayath é casado com a juíza federal Hind Khayath, irmã da secretária de Planejamento do governo Helder, Hanna Ghassan e trabalhou com o atual governador na Prefeitura de Ananindeua, tendo sido também advogado particular de Helder antes de assumir esse importante cargo  na Assembleia Legislativa do Estado.