Por Olavo Dutra | Colaboradores
Das duas, uma: ou professores, técnicos e estudantes perderam o medo, ou a situação – de tão desesperadora – obriga a comunidade acadêmica a denunciar, através das redes sociais, o que considera ‘falcatruas, perseguições, abusos, desmandos e pedaladas’ da gestão da professora Herdjânia Veras na Reitoria da Universidade que, um dia, nos tempos áureos, atendeu pelo nome de Faculdade de Ciências Agrárias do Pará.
Terceira votada na lista tríplice, a atual reitora foi nomeada pelo presidente Bolsonaro por interferência do delegado Everaldo Eguchi, que concorreu ao cargo de prefeito de Belém e perdeu e do deputado federal Eder Mauro, reeleito nas eleições de outubro deste ano.
Desde que assumiu, Herdjânia tem administrado a instituição através de atos ad referendum, poucas vezes reuniu os Conselhos Universitários e segue patinando, com escabrosas ou nenhuma decisão de efeito prático. Sequer protesta contra recorrentes contingenciamentos de verbas impostos pelo MEC, como o fazem outros reitores. Convocou o caos.
Em ‘petição de miséria’
O Instituto da Saúde e Produção Animal é um retrato fiel da situação da Universidade sob a gestão Herdjânia Veras. Confinado a um curral por intervenção da Reitoria, o rebanho parece estar em estado de petição de miséria e famélico; e está. O tratamento desumano atende pela falta de alimentação – nem ração, nem forragem, nem sal -, absurdo que maltrata a academia e, especialmente, o Curso de Medicina Veterinária da instituição federal, o mais antigo da Amazônia brasileira.
Saúde não tem pressa
Não bastasse os maus-tratos ao rebanho, o Hospital Veterinário vai fechar temporariamente, do dia 19 agora a 15 de janeiro, por decisão da interventora, professora Déborah Mara Costa de Oliveira, sob a graciosa justificativa de ‘vazio sanitário’, isto é, período destinado à aplicação de medidas para controle da veiculação de agentes patogênico, como se, em vez de um hospital, fosse um curral.
A unidade funciona há 15 anos e atende cães, gatos e animais selvagens da comunidade e instituições públicas ligadas ao meio ambiente. Na situação em que está sob a atual gestão, o hospital é um insulto à memória do professor Mário Dias Teixeira, que lhe empresta nome.
‘Adequações prediais’
Há outras justificativas para a medida extrema, além do ‘vazio sanitário’, que bem poderia ser substituído por uma boa higienização, desinfecção e dedetização em não mais que 72 horas, ou até um final de semana. No caso em que a diretora do hospital planeja aproveitar o período de fechamento de quase 30 dias para ‘adequações prediais’, a comunidade acadêmica cobra os editais de contratação da empresa responsável, se é que a obra foi licitada. Sabe-se apenas de serviços que vêm sendo feitos ‘na surdina’ nas instalações, sem consulta à comunidade – e só.
Vigilância desguarnecida
Por essas e outras, a situação em Belém e nos campi do interior não poderia estar pior, mas uma chama a atenção: a segurança. Esvaziado por falta de renovação de contrato, o serviço de segurança da Universidade está ‘como o diabo gosta’. Os vigilantes restantes se revezam em escala de 12 por 12 horas, mesmo a maioria sendo de 60 anos de idade. Indivíduos muito interessados em celulares, bolsas, relógios e joias começam a olhar para a portaria da instituição e paradas de ônibus adjacentes com apetite voraz. A comunidade está em perigo.
O que se diz é que a Reitoria deve contratar nova empresa de segurança, mas, pelo absurdo que essa decisão representaria, a se confirmar os boatos, convém esperar. Antecipar seria ‘espantar a lebre’.