Lei que regulamenta o uso da biotecnologia na produção de alimentos no País é considerada uma das mais avançadas do mundo e torna improvável que a tendência de crescimento no consumo de transgênicos ingresse no modo descendente/Fotos: Divulgação.

Transgênicos carregam a fama de causar alergias e resistência a antibióticos, de risco de doenças como câncer e de  serem venenosos para humanos, mas representam a realidade que se põe na mesa.

 Por José Croelhas

Alimentos geneticamente modificados ou transgênicos são aqueles produzidos com base em organismos que, através de técnicas da engenharia genética sofreram alterações específicas em seu DNA. Significa que um gene responsável por uma característica negativa em um ser vivo possa ser desativado ou reprogramado com uma nova função biológica.

O ponto zero do alimento geneticamente modificado foi o tomate Flavr Savr, criado na Califórnia, EUA, em 1994, que adquiriu muito mais durabilidade. Um ano depois, surgiu a primeira soja geneticamente modificada, também na América. Daí a chegar às cozinhas maçãs cuja polpa não escurece ao arroz dourado turbinado com betacaroteno e cereais resistentes a diversas pragas foi um pulo, graças aos avanços da biotecnologia.

Malefícios e alarmismos

Instituições como o Greenpeace e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor acusam os transgênicos de causar alergias e resistência a antibióticos. Outros críticos também invocam o risco de doenças como câncer e de  serem venenosos para humanos. Alertam ainda para o comprometimento da biodiversidade, o risco de desaparecimento de espécies e até o incentivo ao aparecimento de pragas mais resistentes.

Mas quando o assunto são evidências científicas comprobatórias dos supostos males, a coisa meio que trava.

Contra pragas e insetos

A verdade é que os transgênicos buscam soluções sustentáveis para desafios agrícolas e alimentares, como a resistência à doenças e tolerância aos estresses climáticos, assim como a baixa disponibilidade de umidade do solo. Impossível imaginar a segurança alimentar de uma população mundial que não para de crescer sem esses avanços na produção de alimentos.

Nos EUA, por exemplo, 40% do milho e 60% de todo algodão produzidos já são de origem transgênica. Em nível mundial, por sua vez, os dados apontam para a redução de 37% no uso de agrotóxicos na lavoura e um crescimento real das colheitas em 22%.

Brasil quase na ponta

Segundo relatório do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia, desde 2017 o Brasil é o segundo produtor de grãos e fibras geneticamente modificados do mundo. Não é à toa que 97% da soja, 89% do milho e 84% do algodão brasileiros vêm de sementes geneticamente modificadas.

Caminho sem volta

Não é nenhum absurdo afirmar, portanto, que por trás do grande boom do agro nacional, os transgênicos tiveram papel bastante relevante.

E como a Lei n⁰ 11.105, que regulamenta o uso da biotecnologia na produção de alimentos no País é considerada uma das mais avançadas do mundo, parece improvável que a tendência pelo crescimento no consumo de alimentos geneticamente modificados ingresse tão cedo no modo descendente.