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Comitê traça quadro sombrio
da pandemia em todo o Brasil

Belém, 24 de março de 2021

O segundo boletim divulgado pelo Comitê Extraordinário de Monitoramento da Covid-19 no Brasil traça um alarmante quadro epidemiológico em todo o território nacional que remete os governos, de certo modo, à necessidade de apertar o torniquete nas medidas de isolamento social e tratamento preventivo da doença. Lockdown continua sendo a saída.  

Divulgado na última terça, o boletim da conta de que o Brasil soma 25% das mortes mundiais por Covid-19 de 15 a 21 deste mês – no planeta, segundo a OMS, houve 60,2 mil óbitos,  15,6 mil no Brasil. 

O boletim aponta que ainda nessa semana o País atingirá outra triste marca: 300 mil mortes, com a  agravante de atravessar um quadro de curva ascendente. No documento, o Comitê destaca que faltam medicamentos para intubação de pacientes acometidos pela Covid-19, não existe calendário consistente de vacinação e nem leitos em UTIs.

Veja as orientações do Comitê aos pacientes de todo  o País, em particular sobre a importância da prevenção, para esclarecimentos sobre condutas  aos médicos e para conclamar as autoridades à urgente resolução de casos que  dependem exclusivamente delas: 

  • 1. O Brasil deve vacinar com celeridade todos os cidadãos. Vacinação em massa é a medida  ideal para controlar a velocidade de propagação do vírus
  • 2. A variante P1 do Coronaviírus, que já circula em grande parte do Brasil, possui capacidade  de transmissão consideravelmente maior do que o vírus original, impondo risco adicional a  todos os brasileiros – de todas as faixas etárias -, o que reforça a necessidade do isolamento  e de normativas de lockdown por regiões críticas para conter o crescimento da curva de  casos e de mortes  
  • 3. O isolamento social, com a menor circulação possível de pessoas, segue sendo imperioso  para conter a propagação viral, hoje agravada pela variante brasileira P1
  • 4. Todos, sem exceção, temos de seguir à risca as medidas preventivas: uso correto de  máscara, distanciamento social, evitar aglomerações, manter o ambiente bem ventilado e  higienizando, ficar em isolamento respiratório assim que houver suspeita de Covid-19,  identificar os contactantes, higienizar frequentemente as mãos, com água e sabão ou  álcool gel a 70% 
  • 5. São urgentes esforços políticos, diplomáticos e a utilização de normativas/leis de  excepcionalidade, para solucionar a falta de medicamentos ao atendimento emergencial  de pacientes hospitalares acometidos pela Covid-19, em especial de bloqueadores  neuromusculares, opioides e hipnóticos – indispensáveis ao processo de intubação de  doentes em fase crítica  
  • 6. Por compromisso ético e zelando pela transparência, informamos que, na ausência destes  fármacos, não é possível oferecer atendimento adequado para salvar vidas. Uma Unidade  de Terapia Intensiva (UTI) é composta por espaço físico, equipamentos, medicamentos, materiais e recursos humanos. A falta de qualquer desses elementos inviabiliza a execução  dos procedimentos
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  • 7.Reafirmamos que, infelizmente, medicações como  hidroxicloroquina/cloroquina,  ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem  eficácia científica comprovada de benefício no tratamento ou prevenção da Covid-19, quer  seja na prevenção, na fase inicial ou nas fases avançadas dessa doença, sendo que, portanto, a utilização desses fármacos deve ser banida. 
  • 8. Aos médicos, reafirmamos que o uso de corticoides e anticoagulantes devem ser reservados exclusivamente para pacientes hospitalizados e que precisem de oxigênio suplementar,  não devendo ser prescritos na Covid leve, conforme diversas diretrizes científicas nacionais e internacionais. Aos pacientes com suspeita ou com Covid confirmada,  alertamos que não se automediquem, em especial não utilizem corticoides (dexametasona,  predinisona e outros); estes fármacos utilizados fora do período correto, especialmente no  início dos sintomas, podem piorar a evolução da doença. Procure atendimento médico em  uma Unidade Básica de Saúde dando preferência, se possível, à telemedicina, se apresentar  sintomas leves, como dor de garganta, tosse, dor no corpo, náuseas, perda de apetite,  perda do olfato ou paladar. Porém, se apresentar manifestações clínicas que podem  representar Covid grave, destacando falta de ar, respiração rápida (mais que 30  movimentos respiratórios por minuto), saturação de oxigênio menor que 94% ou febre  persistente por 3 dias ou mais, procure uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) ou  Serviço de Emergência;
  • 9. A falta de vagas em UTIs e o aumento anormal da demanda por vagas de leitos fazem  urgentes também a adoção de critérios técnicos-científicos de triagem dos pacientes que  devem ocupar os leitos disponíveis, com fundamentos éticos em defesa das vidas dos  brasileiros, com diretrizes para todos os médicos do País 
  • 10. A escassez de recursos humanos, de insumos farmacológicos e de material de apoio  transcende a simplicidade da utilização dos centros cirúrgicos como terapia intensiva. A  transformação da sala de cirurgia em UTI deve ser pontual. É uma exceção, não regra 
  • 11. Devido ao drama vivido no Brasil, se faz ainda mais relevante o papel do Judiciário como  poder de guarda dos direitos constitucionais, entre os quais à saúde e à vida. Assim,  registramos o crédito de que os tribunais seguirão se manifestando, ao estrito cumprimento  da Lei, para garantir que todas as normas de isolamento sejam cumpridas à risca
  • 12. Reiteramos que o Brasil requer ações unificadas e coordenadas de combate a Covid, dos  governantes das esferas federal, estadual e municipal incluindo ações coordenadas de  todos os ministérios, e gestores públicos e privados da saúde, sem qualquer resquício de  ideologias e interesses políticos 13. Firmamos votos especiais ao novo Ministro da Saúde. Os brasileiros almejam que vossa  gestão ecoe e se guie exclusivamente pela voz da Ciência; que seja um exemplo de  independência na implantação de políticas-medidas consistentes e necessárias à  resolubilidade e qualidade do sistema; de conduta ética; de compromisso com a melhor  Medicina; e, acima de tudo, com a saúde de todos os cidadãos.