A Agência vem cobrando segurança para as operações na maior cidade do Marajó desde 2019, mas providências do município para manter aeroporto funcionando não foram suficientes/Fots: Divulgação.
 

A Prefeitura de Soure dormiu no ponto e o aeródromo da cidade foi descredenciado pela Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac, que regula os aeroportos brasileiros. Com isso, pousar em Soure se tornou uma verdadeira operação de guerra.

Quando saem de Belém, os pilotos precisam declarar destino diferente e, no meio do caminho, descer a uma altitude imperceptível ao radar para dar meia volta e pousar. E, uma vez lá, é preciso ficar caladinho, pois a torre de controle em Belém não pode saber dessas operações. Em outras palavras, pousar em Soure é pousar na clandestinidade.

O caso dos dois bicudos

A Agência Nacional de Aviação e a Prefeitura de Soure não se entendem há muito tempo. No início deste ano, a Agência decidiu cancelar o cadastro do aeroporto e fechar a pista de pouso e demais instalações para operações por suposta falta de segurança, o que a prefeitura nega. Segundo o prefeito Guto Gouveia, desde junho de 2019, sua administração trabalha para manter o aeroporto operando com segurança, com o que a Anac não concorda.

Documentação perdida

Ano passado, a prefeitura assinou convênio com a União para oficializar a exploração do aeroporto pelo município, mas a documentação se perdeu porque a outorga de exploração foi delegada a favor do governo do Estado, através da Secretaria de Transporte, com o compromisso de reformar e ampliar as instalações. Antes disse, todos os contatos entre a administração Guto Gouveia e a Anac foram frustradas simplesmente porque os endereços eletrônicos disponibilizados pela Agência para esse fim não funcionam.

Salvaterra voa na frente

Por outro lado, Salvaterra segue com as obras de seu próprio aeroporto em ritmo acelerado. No início deste mês, técnicos e engenheiros da Anac estiveram no município para analisar as medidas da pista e os demais detalhes técnicos do projeto. A ideia da prefeitura é reunir com representantes do governo do Estado e da companhia aérea Azul para convencer ambos de que o voo já em funcionamento para Salinas faça, tanto na ida quanto na volta, uma escala em Salvaterra para impulsionar o turismo na região.