Sob pressão de políticos e correligionários, ex-governador Simão Jatene tinha prazo até 20 horas de hoje para confirmar ou não candidatura. Ao medir perdas e danos, descartou a empreitada/Fotos: Divulgação.

O que faz da política um tema interessante foi cunhado nos anais da história pelo falecido deputado Gerson Peres e, segundo a lenda, traduzido para a linguagem corrente em sua terra natal, Cametá, com as alterações que convém a quem a usa: “em política, até boa avoa”. Faz sentido – e essa sentença deveria alimentar debates até o início da noite do dia em que o Pará celebra sua adesão à independência inteiramente dependente de respostas para satisfazer milhares de pessoas. Uma delas: afinal, o ex-governador Simão Jatene virá ou não candidato?  

Não. Hoje, às 20 horas, termina o prazo para partidos políticos, federações e coligações darem entrada no registro de candidatos a presidente e a vice-presidente da República, governadores e vice-governadores, senadores, deputados federais, estaduais ou distritais. O partido Solidariedade, ao qual Jatene está filiado, já encaminhou ao Tribunal Regional Eleitoral, bem antes da última sexta, seu requerimento de candidaturas, e nele não constava o nome do ex-governador. O “boi”, àquela altura, estava posto em sossego, sem intenção de voar, mas…

O peso do nome

Simão Jatene faz parte da história política do Pará. Eleito três vezes governador do Estado, tem um legado de realizações de grandes obras estruturantes, como governador e coadjuvante nos governos Almir Gabriel, onde exerceu os cargos de secretário de Planejamento e secretário Especial de Gestão. Tem serviços prestados para vender e motivar o eleitorado e, se, quisesse, se apresentar como candidato. Mais que tudo isso, para quem não sabe, estava sob forte pressão para concorrer, mas precisava medir a extensão de uma decisão que, como bom entendedor, sabe que poderia esbarrar na Justiça. Não estava sozinho nesse dilema, como sabem até os urubus do Ver-o-Peso.

Riscos não calculados

Nessas circunstâncias, ficou desconfortável, durante o feriadão, a eventuais adversários na rinha política, que não tenham feito a leitura de conjunturas pontuais, ainda que a menos de três meses da eleição. Por sorte, o ex-governador não costuma meter os pés pelas mãos e, se decidisse se candidatar, estaria ciente dos riscos. Seria uma questão de tempo, até as 20 horas, até que se espantasse o espantalho, ou não.

Há vaga no cenário

Jatene sabe que tudo lhe seria desfavorável nessa empreitada a esta altura do campeonato: quadro político acomodado, composições partidárias fechadas e financiamento de campanha difícil. O peso está no nome. O cenário para a eleição ao Senado, como a coluna tem advertido, segue aberto e o candidato com maior poder de fogo, uma vez apoiado pelo governador Helder Barbalho, Beto Faro, não decola, mas pode chegar ao menos à cabeceira da pista. Atrás dele, como um trovão, aparece o ex-senador Mário Couto e duas outras candidaturas brigando em si – o ex-prefeito Manoel Pioneiro e o ex-senador Flexa Ribeiro. Há vaga.

Estava nas mãos de Jatene bater as asas. Ou se manter em repouso à espera de céu de brigadeiro. No balanço de perdas e danos, porém, o ex-governador não enxergou o céu como o limite, segundo ele, em respeito aos eleitores.