Passageiros privilegiados da canoa da reeleição do governador, os deputados estaduais Carlos Bordalo e Marinor Brito são incapazes de ver o abate de policiais que ocorre ao lado, mesmo silêncio que deixa mudos os críticos do passado recente Sargento Silvano e Cabo Tércio/Fotos: Divulgação.

Apesar de todas as operações em curso por todo o Pará, o sistema de segurança pública não conseguiu reduzir as mortes violentas. Foram registradas 15 mortes violentas no Estado, ontem, 18 de maio de 2022: sete homicídios – três na Região Metropolitana de Belém e quatro no interior, além de oito mortes por “confronto com a polícia”. O difícil é será saber se essas mortes ocorreram realmente nessas circunstâncias, ou se os novos integrantes dessa estatística macabra tombaram por conta da onda de violência que se abate contra agentes da segurança pública. Somente o Ministério Público ou uma investigação independente poderia responder, mas isso são outros quinhentos.

O problema é que os chamados representantes dos direitos humanos ou estão de férias ou se mudaram para outras plagas. O fato é que tomaram chá de sumiço desde que o governador Helder Barbalho se estabeleceu como mandatário do Estado e começou não apenas a traçar, mas a estabelecer e fazer progredir seu projeto de poder, hoje completamente consolidado. Também calaram-se os antigos combatentes deputados estaduais Carlos Bordalo e Marinor Brito, para quem a escancarada violência no Pará deve ser apenas “sensação de insegurança”, ainda que carimbada mortalmente com as anunciadas mortes de agentes da segurança. Nesse silêncio conveniente, suas excelências são passageiros privilegiados da canoa da reeleição do governador incapazes de reagir ao abate que lhes passa ao largo.

Outros que deixaram de esbravejar contra o governo foram os policiais da reserva Cabo Tércio e Sargento Silvano. Hoje pendurado na tipoia, dos DAS do governo, sargento Silvano chegou a gravar áudio  que circulou nas redes sociais culpando a “covardia” dos policiais da ativa que estão nas ruas pelos atentados deque são vítimas.

Morte manda recado sobre
execuções por todo o Pará

O “salve” que o Comando Vermelho fez circular nas redes sociais, ontem 18, prática que se consolidou desde a administração Jarbas Vasconcelos no Sistema Penitenciário, não é do bem. Outros já o foram, anunciando trégua aos agentes de segurança pública. O último, “deixa transparecer” que a facção está “em guerra” por conta da suspensão de visitas íntimas nas cadeias do Pará determinada pela Secretaria e pela Polícia Militar. Na publicação, o Comando aponta para o extermínio de agentes públicos em Algodoal, Salinópolis e Soure, “que não têm ferro”. Se não é morte anunciada, parece.

Ameaças falsas reduzem
circulação na Grande Belém

Atribui-se à Polícia Militar, que nega, segundo o site g1, a autoria de panfleto publicado nas redes sociais dando conta de um suposto “toque de recolher” na Grande Belém, desde ontem. Pelo sim, pelo não, a população tratou de recolher mais cedo e trancou as portas. Esses embates entre polícia e bandido costumam sobrar para os inocentes, ainda que seja com bala perdida. Não à toa, a Universidade do Estado suspendeu as aulas das turmas do turno da noite.

Em um dos áudios, pessoa se identifica como “sobrinho do chefe da ‘boca'” e afirma que os criminosos vão matar quem estiver na rua a partir desse horário, sem distinção, mas principalmente quem estiver com tornozeleira eletrônica. Segundo as informações, as ameaças são direcionadas a bairros de Ananindeua, incluindo Paar e Curuçambá. As ameaças tiraram grande parte dos aplicativos e de motoqueiros de circulação e nem de longe parecem vazias. O pânico cria raízes.