Outdoors da Vale exibidos no sul e sudeste do Pará escancaram autoria das obras de construção de usinas da paz: a mineradora paga diretamente aos construtores e governo nem vê a cor do dinheiro/Fotos: Agência Pará-Divulgação-Whatsapp.

Comentário do professor Edir Veiga que circula nas redes sociais sobre a pesquisa Doxa, em que o chefe do Executivo paraense aparece com avaliação positiva de 60% chama a atenção pelo que blogs e jornalistas andaram discutindo: que o marketing pessoal do governador não estaria sabendo “trabalhar suas obras” em quatro anos de governo. Bem, como livre pensar é só pensar, a coluna vai entrar com um pitaco porque parece justo, nessas circunstâncias, botar os pingos nos is.

A propaganda oficial do governo custou, segundo dados do ano passado, mais de R$ 120 milhões, e deve ser turbinada neste ano eleitoral. Na pesquisa Doxa, uma das “obras” mais destacadas do governo Helder foi a vacinação contra a Covid-19. Começa por este ponto a desinteligência da questão, mas não fica por aí. Entre as obras que o governador chama de suas estão as usinas da paz. Nos dois casos, o governador não investiu um centavo: as vacinas e todo o aparelhamento de combate à pandemia foram encaminhados pelo governo federal ao governo do Estado e distribuídos às prefeituras municipais, que se encarregaram da aplicação e uso. O governador não aplicou sequer uma vacina, mas correu ao aeroporto para receber as remessas e ainda se deu a luxos correlatos que não vêm ao caso. As usinas da paz são construídas e pagas diretamente pela Vale, que, por sinal, resolveu chama-las de suas em outdoors e outras mídias.

Assim, parece injusto atribuir responsabilidades sobre suposto desconhecimento de suas obras no curso de quatro anos ao marketing pessoal do governador. O fato é que ele não tem a famosa obra para chamar de sua – e um lembrete: a coluna não está dando esse pitaco para atacar ou defender, mas apenas para esclarecer os fatos. Interessante a postagem do professor Edir Veiga. Leia na íntegra:

Só não vê quem não quer;  
ou, quem  vê o que bem quer

Abre aspas: O governador Helder está disparado nas primeiras pesquisas de opinião pública. O Instituto Doxa acaba de divulgar mais uma rodada de entrevistas em todo o Estado do Pará. Um dos aspectos que mais me chamou a atenção foi a correlação entre avaliação do governador e a percepção objetiva de suas obras e serviços.

A avaliação positiva (Excelente e Bom) chega a 60%, que coincide com a intenção de voto estimulada. Quando vemos o resultado das percepções em torno das obras e serviços do governo, temos um dado espantoso: 70% não sabem dizer quais as obras mais importantes do governo Helder. Os 30% que se lembram de alguma obra o fazem de forma ultra dispersa: nenhuma obra é lembrada por mais de 2.8% dos entrevistados.

O que estas informações revelam? Para responder a esta questão, precisaríamos de uma pesquisa qualitativa para termos uma noção dos erros e acertos do marketing de governo da atual gestão.

De imediato, trabalho com a hipótese de que todo o eixo propagandístico do governo está centrado na figura do governador. Essa estratégia produz uma hiper exposição do governador e uma hipo exposição de seu governo.

Dito de outra forma, a sociedade está enxergando o governador, mas está com baixíssima informação dos resultados  de governo. Isto quer dizer que falta uma estratégia de marketing e propaganda de governo como um todo: a população não sabe verbalizar os resultados de governo.

Tenho dito. Fecha aspas.