Brasil quer se consolidar como potência
em Tóquio.  Pará tem 2 representantes.

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Por Pedro Paulo Blanco

País levará ao Japão a maior delegação já reunida para os jogos e dois paraenses seguem com o grupo entre as esperanças de medalhas para o País.

Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil bateu o recorde no número de medalhas conquistadas em uma única edição dos Jogos Olímpicos. Em Tóquio, a delegação brasileira conquistou 21 medalhas. Foram sete de outro, seis de prata e oito de bronze – duas a mais que o total conquistado cinco anos atrás, no Rio de Janeiro. As atenções voltam-se agora para os Jogos Paralímpicos, onde o Brasil é considerado uma potência. Os jogos acontecerão de 24 de agosto a 5 de setembro e País contará com a participação de 253 atletas paralímpicos.

Esta será a maior delegação brasileira na história dos jogos paralímpicos. “Por isso mesmo, (Tóquio) tem tudo para ser o palco do maior número de medalhas conquistadas até aqui por atletas dessa categoria. Essa é a nossa grande expectativa”. A declaração é do experiente Wilson Caju, técnico do All Star Rodas e da Seleção Brasileira Feminina de basquete em cadeira de rodas em três edições dos jogos – Atenas, Pequim e Londres – e em outras cinco versões dos Jogos Pan-americanos. A melhor colocação foi em Londres, onde o Brasil terminou em sétimo entre 16 países.

Neste ano, o paraense torcerá pelos atletas brasileiros de casa, em Belém, onde mora com  a família. Mas o basquete em cadeira de rodas já fez Caju rodar o mundo. A última competição foi o Panamericano, onde o Brasil precisava ficar em segundo para garantir vaga nos jogos de Tóquio. Acabou em terceiro, atrás somente de Estados Unidos e Canadá. Em dezembro deste ano, o Brasil volta à quadra em Buenos Aires, capital da Argentina, sede do Campeonato Sul-americano da modalidade. Das 20 atletas convocadas para o torneio, sete são paraenses.

Wilson Caju explica que o maior investimento do Comitê Paralímpico Brasileiro é no atletismo, onde a possibilidade de conquista de medalhas aumenta consideravelmente. “Enquanto o basquete em cadeiras de rodas, por exemplo, conseguiria no máximo uma medalha, os 100 metros no atletismo, prova que nas Olimpíadas também só resulta em uma única medalha, oferece a chance de conquista de 14 medalhas nas Paralimpíadas”, explica. Isso porque a prova é disputada em sete tipos de deficiências, tanto no masculino, quanto no feminino. A mesma dinâmica vale para quase todas as disputas no atletismo.

Os paraenses – É no atletismo que o paratleta paraense Alan Fonteles tenta repetir os bons resultados do passado, como em 2012, quando desbancou o sul-africano Oscar Pistorius e conquistou o ouro nos 200 metros rasos T44. Allan vai para a quarta Paralimpíada. Esteve em Londres, Rio de Janeiro e Pequim e detém, ainda, duas pratas. “Alan tem trabalhado para recuperar a forma depois de superar alguns problemas pessoais. É um paratleta de respeito, que compete sempre com chances de ficar entre os melhores”, reitera Wilson Caju.

A outra promessa paraense nas Paralimpíadas de Tóquio está no Judô. Natural de Parauapebas, no sudeste do Estado, Thiego Marques conquistou a vaga depois de somar 433 pontos em duas competições, disputadas no Azerbaijão e na Inglaterra. Aos 22 anos, Thiego é portador do albinismo, mutação genética que inibe a produção de melanina e provoca a perda parcial da visão.

“Agora é trabalhar a cabeça para que o atleta se concentre na competição, e não na estrutura do evento. É tudo muito deslumbrante numa Paralimpíada. Coisa de outro mundo”, explica Wilson Caju. Trabalhar o psicológico dos competidores é importante para manter o alto desempenho também durante os jogos. É que a exemplo do futebol, quando nem sempre o talento no clube é garantia de bom desempenho na seleção, os esportes paralímpicos também são surpreendidos, vez ou outra, com atuações abaixo do que conseguem os atletas em disputas que antecedem as Paralimpíadas.

Maior lição – Experiente não apenas com o paradesporto, mas também com as deficiências do ser humano no cotidiano e em diferentes situações, o técnico e medalhista paralímpico Wilson Caju acredita que a maior contribuição dos Jogos Paralímpicos está justamente fora deles. “Quando uma pessoa com deficiência assiste aos Jogos Paralímpicos descobre que pode fazer muito mais do que acreditava ser capaz. E essa é a maior contribuição das Paralimpíadas. No caso do Pará, temos de 60% a 70% das modalidades disputadas no evento ofertadas no Estado. É preciso estimular essas pessoas, esses seres humanos incríveis a saírem de casa e aumentar a autoestima por meio do esporte. Então, peço encarecidamente, assistam às Paralimpíadas. De preferência, ao lado de uma pessoa com deficiência”.

O Brasil vive uma ascendência de conquistas nas Paralimpíadas. Passou de 24º para 8º colocado entre os jogos de Sidney, em 2000; e Rio de Janeiro, em 2016. Muito, graças a talentos revelados pela simples e eficiente fórmula relatada no parágrafo anterior pelo técnico Wilson Caju. Afinal, esse é o tipo de bem que contagia não apenas pela cena, mas, principalmente, pelo resultado que os exemplos podem provocar. Também nas Paralimpíadas, o céu é o limite.