Sob fogo. Essa parece ser a sina do Hospital Regional de Alta Complexidade Abelardo Santos, no Distrito de Icoaraci, Região Metropolitana de Belém, maior unidade de saúde pública do Estado, parte da herança deixada pela administração que antecedeu o governo Helder Barbalho e que tem servido, desde a sua inauguração, pelo atual governo, mais para meios do que para fins. No curso de quase quatro anos, o Abelardo Santos é uma panela de pressão ardente, pronta a explodir na cara dos usuários e bem longe dos seus algozes de plantão, como aconteceu no início da noite de ontem, exigindo uma operação de alto risco conduzida pelo Corpo de Bombeiros e pala Vigilância Sanitária, com transferência de pacientes com saúde altamente debilitada, incluindo crianças e bebês recém-nascidos para outras unidades. Em meio aos caos que se estabeleceu no hospital, chamava a atenção o silêncio retumbante da Secretaria de Saúde do Estado e do MP.
Desde a noite de ontem, as redes sociais e aplicativos de mensagens relatam claramente momentos de pânico e desespero entre os pacientes do hospital, gritos de pessoas que presenciavam a cena de fora da área e o tenso movimento de veículos entrando e saindo do complexo de saúde, além de muitas informações desencontradas, dadas as circunstâncias do episódio. Fontes da coluna no Abelardo Santos informavam que bebês recém-nascidos estariam sendo transferidos da área mais nervosa da unidade atingida pelas chamas resultantes de uma explosão, a Pediatria, para a Santa Casa, mas não há dados oficiais que confirmem essas informações. A OS Mais Saúde, que administra o hospital, não se manifestou, e a Sespa sequer mandou uma equipe para Icoaraci. Veja o vídeo.
Quem tem culta no cartório
no descaso com saúde pública
Esse episódio e suas repercussões, tanto quanto outros igualmente sérios registrados no hospital no curto espaço de quarto anos e em meio à pandemia de Covid-19 devem durar menos tempo do que o cheiro de incêndio e gases tóxicos nas dependências do Abelardo Santos. A ordem é seguir em frente, como aconteceu após os escândalos que marcaram as gestões das OS Santa Casa Pacaembu e Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia e, agora, a OS Mais Saúde. Todas ganharam e ganham rios de dinheiro público com esse lucrativo negócio, mas nenhuma reservou parte dos ganhos para manutenção do hospital. Têm culpa no cartório tanto quanto a Secretaria de Saúde e quem mais costuma virar as costas para a saúde pública, inclusive e principalmente o governador do Pará.