É no mínimo compreensível a preocupação do governo do Pará de tentar obter recursos do exterior para financiar o enfrentamento à emissão de Gases de Efeito Estufa. Relatório do Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima divulgado no último dia 1º aponta que o Estado foi a unidade federativa que mais emitiu gases de efeito estufa em 2021, a exemplo do que ocorreu em 2019 e 2020.
Em 2019, o Pará foi responsável por 15,18% do total de emissões no Brasil. Em 2020, por 19,30%, e, em 2021, por 18,49%. O Estado emitiu 447.927.368 de CO2e (t) GWP-AR5 (GtCO2e: gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente) em 2021, o que representou aumento de 12% em relação a 2020, quando foram emitidos 399.943.076 de CO2e (t) GWP-AR5. A categoria Mudança de Uso da Terra e Florestas – leia-se: desmatamento – respondeu por 85,07% das emissões, seguida da agropecuária, com 11,41%. Aliás, somente o desmatamento foi responsável por 49,05% das emissões, também seguido pela agropecuária, com 24,80%.
Plano não decolou
O governo do Pará implementou, através do Decreto nº. 941/2020, o Plano Estadual Amazônia Agora, que é a principal plataforma para execução de ações de combate ao desmatamento e estímulo ao crescimento econômico sustentável. No entanto, pelo visto, ainda são duvidosos, para não se dizer ineficazes, os resultados do plano, tendo em vista as emissões de gases de efeito estufa apresentadas pelo Observatório do Clima.
Propaganda oficial
Ou seja, a propaganda oficial fala em redução de desmatamento, mas a narrativa não se reflete nas estatísticas de órgãos independentes, que mostram aumento no desmatamento e na consequente emissão. A redução só aparece nas estatísticas do governo estadual.
A narrativa da propaganda do governo estadual foi sempre no sentido de responsabilizar o governo federal pelo aumento do desmatamento e dizer que o Pará estaria fazendo a sua parte, com redução dos índices, apesar de essa redução não aparecer nas estatísticas oficiais.
Conta outra
No caso de o desmatamento continuar sem controle, o desafio do governo do Estado, agora com um presidente da República de quem é aliado, será encontrar uma forma de divulgar os resultados sem responsabilizar o governo federal.