“Antipatia e estupidez” é a expressão que mais se ouve nas ruas de Belém e principalmente nos corredores e laboratórios da UFPA sobre a decisão da associação dos docentes de decretar o fechamento dos campi da instituição na capital e em onze municípios do Estado, hoje, em greve por melhorias salariais. Os cochichos dão conta que, na verdade, o que por trás desse movimento supostamente coordenado seria um “acordão dos sonhos de todos”.
Por um lado, livrar o reitor Emanuel Tourinho, amiguinho da associação, da falência geral de uma das piores gestões da Universidade de todos os tempos; por outro lado, a UFPA, na prática, já está fechada e parada, não demanda recursos nem esforços de gestão e acaba por “liberar militantes” – perdão! – professores para a campanha eleitoral pró Lula, que vê sua candidatura entrar em declínio, para desespero da militância profissional movida a régio soldo.
Nem alimentação, nem saúde
Só isto explicaria o fechamento – agora, a cadeados e correntes – da Universidade, que já vem fechada ao longo dos últimos dois anos por conta da pandemia. Tem absurdo maior? Tem, sempre tem. É o caso do fechamento dos restaurantes universitários, que servem almoço e jantar ao preço de R$ 1 a cada vez mais vulneráveis e desnutridos alunos impactados pela pobreza.
E o que dizer da paralisação das clínicas de atendimento psicológico da Universidade, lotadas no dia a dia de sofrimento por depressão e ansiedade de centenas de funcionários, aluno e professores? Só mesmo a lógica da insanidade para tornar pior o que já está ruim há muito tempo.
Universidade sem pluralidade
A coluna lança mão de manifestação publicada na última em sua página do Facebook pelo professor e economista Eduardo Costa:
Abre aspas: Hoje ocorrerá uma reunião na qual será debatida a proposta de entrada em greve dos professores da UFPA. Sou favorável à necessidade de reajuste dos professores e servidores do ensino público federal, que estão com os seus salários defasados e há muito tempo sem reajuste. Porém, quando qualquer conversa, reunião ou iniciativa já inicia com dizeres político-partidários perde-se a credibilidade junto à própria comunidade acadêmica e à sociedade.
Desde que a Universidade foi tomada de assalto por partidos políticos, ela perdeu muito de sua credibilidade junto à sociedade. A Adufpa já não fala pelos professores; é apenas um braço estendido do PT e do Psol. O baixíssimo número de professores em suas reuniões e assembleias é um claro exemplo disso. Parece mais uma reunião de partido político do que de servidores públicos, na qual “poucos decidem por todos”.
Assim, qualquer proposta de declaração de greve neste momento se materializa apenas como um ato político-partidário e eleitoral, desprovido de legitimidade.
Essa é minha opinião e espero ser respeitado – opinião compartilhada por muitos colegas professores que não se manifestam por estarem aterrorizados com a possibilidade de perseguição, cancelamento e patrulhamento político-ideológico. Esse é o espelho do que vivemos. As pessoas têm medo de emitir opinião.
Universidade perdeu a sua pluralidade. Fecha aspas