O governador Helder Barbalho deve estar se perguntando, nesses primeiros dias da propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão, que cargas d’água fez quando decidiu abraçar três candidaturas para disputar vaga única disponibilizado ao Pará no Senado Federal. É como servir a dois senhores ao mesmo tempo – um deles, ao final e ao cabo, haverá de reclamar. O deputado federal Beto Faro, do PT, a noiva preferida do governador, e o ex-senador Flexa Ribeiro, do PP, opção número dois, disputam as atenções de Helder. O ex-prefeito de Ananindeua Manoel Pioneiro parece o patinho feio nessa história.
Mantra que vem da Bahia
Contra o discurso fácil do governador na defesa das duas candidaturas conta a contratação de marqueteiros baianos, habituados a usar dois discursos para a mesma empreitada. “Os baianos têm isso”, diz fonte da coluna, explicando: “Duda Mendonça fazia a mesma campanha para candidatos diferentes em todos os Estados onde atuava. Virou padrão e acabou seduzindo o então candidato à presidência da República Lula da Silva”.
Correndo por fora
Ao menos nas propagandas iniciais, o que muda no cenário dominado por Helder são as imagens: ora é a de Beto Faro, ora a de Flexa Ribeiro; o discurso se repete em ambos, caindo no vazio, sem apelo, sem força.
Há quem identifique nas falas do governador alguma preferência por A ou B, mas não há: a tarefa de acender velas para dois santos é complicada e, no caso em questão, tanto ajuda quanto atrapalha.
Menos mal que Manoel Pioneiro parece correr por fora, ancorado na estrutura da chamada República de Ananindeua. Deve ser o menos prejudicado pela estratégia suicida de Helder que, pelo visto, faltou à aula segundo a qual um é pouco, dois é bom, três é demais.