Nos últimos dias, a comunidade acadêmica tem sido surpreendida com a quantidade de água acumulada nas dependências do campus, inclusive no portão 3, que, tecnicamente, não deveria sofrer influência da Baía do Guajará, pela distância/Foto-Vídeo: Coluna Olavo Dutra.

“Já não precisa chover no campus; basta a Bahia do Guajará subir até determinado ponto que a tubulação faz o trabalho reverso”, avalia engenheiro da própria Universidade.

O resultado – por vezes catastrófico – da soma de chuvas com maré alta não se restringe apenas ao que se conhece em Belém nesta época do ano e invariavelmente costuma deixar a administração em saia justa. Nas últimas décadas, nenhum alcaide escapou da purgação ou, no mínimo, do constrangimento de tentar explicar o inexplicável, acabando por culpar o inverno. Mas, e no campus da UFPA, quem leva a culpa?

Nos últimos dias, a comunidade acadêmica tem sido atingida pelos efeitos das águas grandes e transitado literalmente com ‘água até o joelho’ em algumas áreas do Campus Guamá. Segunda-feira, por exemplo, o aguaceiro – a soma das chuvas com a maré alta – atingiu o Portão 3, que demanda para a avenida Perimetral, tomando de surpresa a estação de passageiros e complicando o tráfego de ônibus. Em outras áreas, o efeito parecia ser menor – mas nem tudo é o que parece ser.

Parceiros de infortúnio

Ontem, para surpresa geral, as águas tomaram novas áreas, acendendo a curiosidade geral e provocando as especulações de praxe: a drenagem do campus precisa de revisão. A se confirmar, o atual prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, não caminha sozinho nesse calvário de águas, dividindo o peso com o prefeito do campus, ou com o senhor Reitor.

“Tubulação negativa”

Ao menos dois engenheiros ouvidos pela coluna sobre o assunto, ambos da Universidade e com a mesma avaliação, vão direto ao ponto: “o problema decorre de drenagem ruim, sem revisão e – detalhe – de ‘tubulação negativa’. A chamada tubulação negativa consiste no fato de que as águas, em vez de vazarem, conforme as chuvas cessam e a maré baixa retornam da Baía do Guajará. Essa ‘aberração’ da engenharia explicaria o alagamento no portão 3, que fica bem distante da baía.

Engenharia reversa

Trocando em miúdos, segundo os profissionais: já não precisa chover no campus; basta a Bahia do Guajará subir até certo ponto que a tubulação faz o trabalho reverso. Então, estai preparados – sem esquecer que há décadas não há projeto de modernização do sistema de escoamento de água de chuva no campus, o que leva à noção de que qualquer semelhança com a Prefeitura de Belém não será mera coincidência.