O prefeito Raimundo Oliveira e seu vice, Mário Júnior, que pode ser sacado da sucessão. Ao longo da carreira política, prefeito acumula infidelidades que, desde Jader Barbalho, atingiram todos os governadores do Pará, além de candidatos a todo e qualquer cargo eletivo/Fotos: Divulgação-Redes Sociais-Whatsapp.

Se é verdade que cesteiro que faz um, faz 100, o prefeito de Bragança, Raimundo Oliveira, está em uma encruzilhada. Apontado por fazer da fidelidade partidária ‘moeda de troca’, mesmo sem trocar de partido, Raimundo Oliveira precisa fazer escolhas rápidas e cartesianas para tentar eleger substituto no Executivo municipal nas eleições do ano que vem. E – bingo! -, nem tudo é o que parece ser: seu vice-prefeito e atual secretário de Saúde, médico Mário Júnior, que despontava como sucessor natural, parece não estar se encaixando no perfil desejado.

Bragança vive momento inusitado na política, com as duas principais lideranças do município fora do páreo na disputa de 2024: o próprio prefeito, do PSDB, que chega ao final do segundo mandato, e o ex-prefeito Edson Oliveira, do MDB, com impedimentos legais. O vespeiro está ativado e a busca por alternativas sucessórias ganhou as ruas.

Ligações perigosas

No caso do PSDB do prefeito Raimundo Oliveira, a relação de proximidade do vice-prefeito Mário Júnior com a toda poderosa gestora dos equipamentos da Diocese de Bragança, Irmã Estelina Oliveira, é um complicador considerável. Ela e Raimundo só têm em comum o nome Oliveira, não se bicam e o desconforto é grande para o prefeito. Como o prefeito é um poço até aqui de desconfiança, sua primeira impressão é de risco de traição, o que reduz as chances de Mário Júnior e alavanca outro nome à sucessão, a secretária de Planejamento, Marcelly Castanho (foto).

Resistência de cima

No MDB, a situação não é lá muito diferente: o ex-prefeito Edson Oliveira apostava no nome da ex-deputada federal Simone Morgado, mas teria sentido forte resistência da cúpula do partido, por motivos óbvios. Agora, Edson jura de pés juntos que Simone não tem pretensões políticas e Simone, por sua vez, confirma. Quem aparece como pule de dez é o médico Nadson Monteiro e o deputado de primeira viagem, Renato Oliveira, eleito pelo Podemos, irmão de Edson.

Contudo, enquanto uns sonham ser escolhidos, outros se esquivam. É o caso do pastor Eliezer Sampaio, presidente do Ministério Igreja de Toronto na região.  Em Bragança, cidade tradicionalmente religiosa, o assunto religião é polarizado entre católicos e evangélicos, por isso caciques políticos espicham os olhos para essas lideranças. O pastor, empresário, é natural de Bragança, nasceu no evangelho e diz não possuir interesse na política, preferindo se manter no ministério da fé.

O começo de tudo

Quando, nos idos de 1991, o empresário Raimundo Oliveira dirigia sua caçamba Alfa Romeo 1958 pelas esburacadas ruas de Bragança, teve estendido o braço amigo do então governador do Pará, Jader Barbalho – e sua pipa pegou vento, embalada pela fidelidade ao governador. Bastou Jader deixar o governo para o vice, Carlos Santos, Raimundão mudou de lado, dando início a uma sucessão de ‘traições políticas’ cantadas em verso e prosa até hoje.

Infidelidade infinita

No curso da história, Raimundo Oliveira trocou Jader Barbalho por Carlos Santos, Carlos Santos por Almir Gabriel, Almir Gabriel por Ana Júlia, Ana Júlia por Simão Jatene e Simão Jatene por Helder Barbalho, de quem se diz ‘soldado’ – embora já tenha sido ‘fiel escudeiro ‘de outros -, incluindo nesse rol candidatos a prefeito, vereador, deputado estadual, federal, senador e governador que não cabem nem em lista de infidelidades. Parece que o hábito camaleônico do atual prefeito deve ter criado fantasmas que hoje vê como inimigos de carne e osso.

Afinal, trair e coçar é só começar.