Miro Sanova ganhou emprego pelas graças do governo do Estado ao perder a disputa à Câmara Federal, enquanto Vítor Gemaque, coleguinha, se empenha em favor dos servidores da Fundação; quanto aos demais jornalistas…/Fotos: Divulgação.
Trabalhadores de outros veículos de comunicação em Belém vivem situação parecida, mas os esforços do sindicato se voltam apenas para a Fundação. Por que será, hein?
O Sindicato dos Jornalistas e o Sindicato dos Radialistas do Pará travam uma luta inglória em favor da Funtelpa, exigindo pagamento de melhores salários aos funcionários da TV, rádio e portal que integram o grupo. A empresa pública Funtelpa, presidida pelo ex-deputado estadual Miro Sanova, derrotado na disputa por vaga à Câmara Federal nas eleições do ano passado, é reconhecida por pagar mal, e quase sempre, servir de ‘cabide de emprego’ – qualquer relação com o ex-deputado não será mera coincidência; não mesmo.
O que chama atenção é o exaustivo empenho do Sindicato dos Jornalistas, presidido pelo jornalista Vítor Gemaque, que entope suas redes sociais com comentários relacionados à luta que parece história – mas não é – do pessoal da Fundação. O mesmo empenho não é visto em favor de jornalistas de veículos privados, que seguem a pão e água.
No da RBA não vai nada
O próprio grupo RBA, que, em 2016, foi alvo de greve por melhores salários e pelo fim do que uma carta aberta dos profissionais definia como “superexploração da mão de obra, intimidação e assédio moral”, não é incomodado em nada pelos dois sindicatos.
A coluna não precisou de muito esforço para descobrir que os salários seguem defasados na TV Record, no jornal “O Liberal”, na TV Liberal e na própria RBA.
O salário de produtor inicial na Record, por exemplo, é de R$ 1, 6 mil. Com os descontos, fica perto do mínimo – R$ 1.320,00, para quem passou quatro anos ralando na faculdade, já que o cargo exige nível superior.
Para chamar de ‘seu’
A mesma média de salário é paga a um repórter do jornal “Diário do Pará”, o que torna a remuneração muito próxima dos salários-base de R$ 1.215,50 e R$ 1.144,70 denunciados, com ênfase e direito a post, pelo Sindicato dos Jornalistas, na Funtelpa. Em suma: por que somente os servidores da Funtelpa têm o privilégio de um sindicato para chamar de seu? No caso específico do “Diário do Pará”, o sindicato até tentou intermediar uma negociação, mas a direção da empresa se negou, o assunto foi arquivado e ficou por isso mesmo.
“Luta justa e digna”
Sobre a Funtelpa, o Sindicato dos Jornalistas informa que “nova reunião para tratar do Acordo Coletivo de Trabalho foi remarcada para o próximo dia 2. Ressaltamos que a luta do Sindicato pelos profissionais da empresa pública de comunicação é digna, justa e merece todo reconhecimento”.
O silêncio quanto a outros profissionais historicamente explorados ou muito mal remunerados no mesmo setor é que precisa ser questionado.