Manifestação em Belém garantiu encontro de representantes dos professores com uma comissão de parlamentares na Assembleia Legislativa, onde o secretário Rossieli Soares foi a peça de resistência e alvo de denúncias pela insegurança nas escolas, implantação do Novo Ensino Médio, assédio e falta de diálogo com a categoria/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.

Memorando cobra frequência em sala de aula em dia de paralisação nacional e sobra para o secretário Rossieli Soares, acusado pelos sindicatos da categoria de praticar assédio institucional e falta de diálogo, e de conduzir o novo Ensino Médio para lugar nenhum.

Detentor de um currículo considerável, Rossieli Soares não chegou ao Pará embalado por boas referências; muito pelo contrário. Ao ser anunciado pelo governador Helder Barbalho como novo titular da Secretaria de Educação, até então comandada pela fiscal de receitas Elieth Braga, ex-prefeita de Mocajuba, o ex-ministro do governo Temer, ex-secretário de Educação do Amazonas e do governo de São Paulo teve seu currículo revirado do avesso e recheado de supostos malfeitos.

A aparente tolerância da classe de professores com a gestão anterior, que, no frigir dos ovos, deixou a Secretaria em situação de terra arrasada, era questão de tempo – e esse tempo acaba de chegar: bastou Rossieli recorrer a mecanismos considerados nada republicanos para levantar a fúria do Sindicato dos Professores em todos os níveis, manifestada em notas divulgadas após paralisação, ontem, que foi bater às portas da Assembleia Legislativa. Para o Sintepp, Rossieli é “biônico”.

Pomo da discórdia

 A celeuma tem origem em um memorando em que a gestão do ex-ministro ‘formaliza a perseguição’ aos trabalhadores da educação em defesa de escola pública de qualidade. Veja abaixo trechos do documento encaminhado via Whatsapp aos gestores escolares:

 . “A pedido do secretário de Educação, cada escola deverá enviar para o e-mail do protocolo da Use os seguintes documentos:

. Memorando informando se a escola funcionou nos turnos da manhã, tarde e noite, seguido da lista de nomes dos professores que faltaram ao trabalho

. Colocar na folha de ponto do professor o código de falta (encaminhado pela gestora no privado)

. Escanear as folhas de ponto e anexar ao memorando”.

Assédio institucional

 “A descarada política antidemocrática e assediadora na Seduc tentou amedrontar e desmobilizar as comunidades escolares a participarem do ato nacional”, afirma o Sindicato. Segundo o Sindicato, o documento, assinado pelo adjunto Marcelo Tiago França, ‘fere princípios constitucionais’ ao orientar a aplicação de faltas aos professores que aderiram à manifestação, acrescentando que “o direito à educação que o Estado não garante está ameaçado por conta do aumento da violência nas escolas e da insegurança”. Não podemos deixar que um secretário biônico, vindo de fora do Estado, queira nos assediar e tentar impedir nossa luta”.

A culpa é do ‘ministro’

Também em nota, a coordenação estadual do Sintepp afirma que ‘a categoria não depende de autorização do governo para defender seus direitos, nem se permitirá tutelar, ou sucumbir ao assédio da Seduc’, denunciando ‘a farsa’ do Novo Ensino Médio, que ‘nem profissionaliza, nem prepara ao vestibular e nem melhora os índices da educação’, deficiências que atribui ao hoje secretário de Educação do Pará